Após período de queda significativa no volume de consultas, exames e procedimentos oftalmológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em virtude do impacto no atendimento causado pela pandemia de COVID-19, uma nova tendência se instala na rede pública. Dados analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a partir de registros do Ministério da Saúde, mostram a retomada do volume de produção a níveis que superam os anteriores à emergência epidemiológica.
No Sudeste, de acordo com os números analisados pela instituição, houve um crescimento de 92% na produtividade dos exames para diagnóstico de retinopatia diabética em 2022 com relação a 2020, ano mais crítico da pandemia. O cálculo leva em conta os exames registrados entre janeiro e agosto de cada ano, intervalo sobre o qual já estão disponíveis os dados referentes ao ano atual. Leia Mais
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Os dados confirmam a tendência de alta e o desempenho positivo se apresenta em todos os estados do Sudeste. Em valores absolutos de procedimentos, São Paulo lidera os registros de 2022 com 2,1 milhões de procedimentos realizados, seguido pelo Rio de Janeiro, com 536 mil e Minas Gerais, com 446 mil registros.
Na avaliação do CBO, essa retomada na produtividade do SUS demonstra o efeito positivo da queda dos indicadores de morbidade e mortalidade por conta da COVID-19 e do aumento da cobertura vacinal contra essa doença. "A população agora se sente mais segura. Com isso, o temor de ir a um serviço de saúde por receio de se contaminar com o coronavírus deixou de ser um problema", ressalta Cristiano Caixeta Umbelino, presidente do Conselho.
Comparativos
Ao avaliar a produção de exames para retinopatia diabética a partir da sua distribuição geográfica, é possível constatar que a melhora da cobertura ocorreu nos quatro estados do Sudeste, na comparação entre os intervalos janeiro-agosto dos anos 2020 e 2022. Os destaques vão para o Espírito Santo (213%), Rio de Janeiro (186%) e Minas Gerais (118%).
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Já os estados com os maiores aumentos proporcionais entre 2019 e 2022 foram o Rio de Janeiro, com alta de 78% no volume de procedimentos realizados no período de janeiro a agosto de cada ano; Espírito Santo, com variação de 35%; e Minas Gerais, com alta de 34%.
"A demanda reprimida durante as fases mais críticas da pandemia já é expressa no número de procedimentos registrados nos oito primeiros meses do ano. Apesar dos índices dessa retomada serem animadores, precisamos considerar os potenciais impactos que a crise da COVID-19 pode ter causado na visão das pessoas, sobretudo, na dos portadores de diabetes que ficaram um longo período sem realizar o rastreio da retinopatia diabética", avalia o presidente do CBO.
Novembro Azul
Com o propósito de impulsionar ainda mais o processo de retomada dos atendimentos, o CBO tem estimulado ao longo de novembro a realização de mutirões de atendimento para a retinopatia diabética em todo o país. A complicação ocular, sem diagnóstico e tratamento precoces, pode evoluir rapidamente e levar à perda parcial ou total da visão.
O problema de saúde pública envolvendo essa doença fez com que, liderados pelo CBO, oftalmologistas e entidades parceiras, passassem a promover inúmeras ações, em diferentes estados. Em cada iniciativa, pacientes com suspeita da doença são avaliados por especialistas, passam por exames e são encaminhados para os cuidados necessários.
"O CBO tem um compromisso com a saúde ocular da população brasileira. A campanha de novembro é uma tradição iniciada em 2014, suspensa, unicamente, em 2020, devido à pandemia. Naquele ano, foi necessário pensar novas maneiras de atingir o público, e a internet, assim como em vários outros setores da sociedade, foi uma importante aliada diante da crise", lembra Wilma Lelis Barboza, primeira secretária do CBO.
Maratona online
Além da mobilização nos estados e municípios, que garantirá o atendimento efetivo a milhares de pessoas, o CBO promove o projeto 24 Horas pelo Diabetes, uma maratona de atividades online que acontece neste sábado (26/11). Por meio de seu canal no Youtube e de outras plataformas digitais, a entidade oferece à população, de forma gratuita, uma série de conteúdos educativos sobre a retinopatia diabética e outras possíveis consequências da condição.
São entrevistas, debates, palestras e reportagens que abordam cuidados com a doença, ajudam a identificar sinais e sintomas e orientam os interessados sobre o que fazer em caso de suspeita.