Dezembro é o mês que marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) aproveita a data para chamar a atenção para o aumento da doença em pessoas idosas. Ainda que os idosos estejam cada vez mais ativos, inclusive sexualmente, o sexo continua a ser um tabu. Essa falta de diálogo e atenção em relação ao tema gera desconhecimento em muitos aspectos.
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“O vírus do HIV não vê gênero, raça e nem idade. Ao negligenciar a prevenção por desconhecer este risco, a pessoa idosa fica mais vulnerável. Ainda há um grande tabu, inclusive entre os médicos, sobre o tema. Também há poucas campanhas de prevenção voltadas à conscientização das pessoas idosas. Assim, é de extrema importância que as pessoas idosas conversem com seus geriatras sobre o assunto e que, ao solicitar exames de avaliação periódica de saúde, os médicos incluam a sorologia para HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) nos exames de rotina”, avisa Marco Túlio Cintra.
Outro estigma rechaçado é a chamada sorofobia, isto é, preconceitos com as pessoas que têm HIV. Entre as pessoas idosas, este preconceito se torna ainda mais intenso, o que pode dificultar a procura por consultas médicas por parte deste público. “Este preconceito deve acabar em todas as faixas etárias, inclusive entre as pessoas mais velhas. Sexo seguro também é assunto dos mais velhos, afinal, atualmente, a expectativa de vida tem aumentado, bem como todos os fatores que envolvem uma vida ativa, incluindo o sexo”, reforça o vice-presidente da SBGG.
Neste cenário, as infecções sexualmente transmitidas são diagnosticadas tardiamente, o que atrasa e dificulta o tratamento. Segundo estudos, a infecção pelo HIV tem uma peculiaridade entre as pessoas idosas: o processo natural de imunossenescência - ou seja, a redução da capacidade do sistema imunológico atuar no organismo - é acelerada pelo vírus HIV e pela terapia antirretroviral.
“Os cuidados devem ser maiores, uma vez que a infecção sexual pode surgir em pessoas idosas que já apresentam outras condições de saúde de maior prevalência nesta faixa etária, como diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras”, salienta Marco Túlio Cintra.
Diagnóstico não é sentença de morte
Porém, o diagnóstico de HIV não deve ser encarado como uma sentença de morte, também entre as pessoas idosas. Graças aos avanços no tratamento, é possível ter uma vida de qualidade sendo soropositivo. “No que tange à pessoa diagnosticada com HIV, o acompanhamento médico e a realização de exames periódicos é fundamental, assim como a adoção de hábitos saudáveis. Já no que se refere à sociedade, mais do que orientar a população idosa a cuidar de si, é essencial reivindicar a implementação de políticas públicas de combate ao HIV/Aids com foco nesta faixa etária, incluindo campanhas de prevenção e educação sexual”, finaliza Marco Túlio Cintra, vice-presidente da SBGG.