Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Importância da dieta cetogênica no controle de doenças neurológicas

Apesar de ser um assunto pouco abordado, a dieta cetogênica é responsável por buscar a redução de peso corporal através da queima induzida de gordura, em que ocorre uma redução do consumo de carboidratos. Essa abordagem foi proposta na década de 1920, como uma alternativa no tratamento da epilepsia, doença neurológica em que os pacientes sofrem crises convulsivas frequentes. E devido ao efeito sobre a perda de peso, tornou-se popular a partir da década de 1960 entre pessoas que não tinham esse transtorno.





Os carboidratos são a principal fonte de energia do organismo humano, quando sua ingestão é reduzida, o organismo precisa se adaptar para obter energia, desviando o metabolismo energético para outra via. Nesse caso, uma rota metabólica alternativa e que costuma ter papel secundário na obtenção de energia ao organismo é a via cetogênica.

Segundo Ágata Haddad, farmacêutica da Equaliv, nesta via, em vez de carboidratos, são utilizadas gorduras como combustível. A partir da quebra de gorduras (também chamadas de lipídeos), são geradas moléculas chamadas de corpos cetônicos, por isso o nome dieta “cetogênica”.

Assim, ao adotá-la, a pessoa força o seu metabolismo a começar a quebrar gorduras para se manter em funcionamento. Lembrando que o órgão do corpo humano que mais gasta energia é o cérebro, ele consome cerca de 20% de toda a nossa energia, mesmo representando apenas 2%, em média, da massa corporal. 

Dieta cetogênica e o cérebro

Na dieta cetogênica, em vez de carboidratos, as gorduras são utilizadas como combustível. Neste caso, o salmão é boa indicação (foto: cattalin/ Pixabay )


Como citado, a dieta cetogênica foi proposta como uma alternativa terapêutica para a epilepsia. Segundo estudos, sua adoção reduz significativamente a ocorrência de crises convulsivas em pacientes. No entanto, devido aos seus efeitos sobre o sistema nervoso central, ela começou a ser estudada em diferentes contextos relacionados à saúde mental.




 
Os distúrbios neuropsiquiátricos costumam ter alguns pontos em comum, como o desbalanço de neurotransmissores, o estresse oxidativo e a inflamação.

Além disso, a maioria dos pacientes acometidos por algum desses transtornos apresenta um metabolismo de glicose desregulado. Ainda segundo Ágata: “Neste sentido, já foi demonstrado que a dieta cetogênica é capaz de regular o metabolismo da glicose, reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, além de favorecer o funcionamento adequado de importantes sistemas de neurotransmissão”.

Autismo, esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson

Assim, além da epilepsia, já existem evidências de benefícios dessa dieta para o transtorno do espectro autista, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
 
Existe um conjunto robusto de evidências sobre muitos benefícios da dieta cetogênica. Além disso, como é uma dieta bastante restritiva, quando feita sem acompanhamento profissional adequado, ela pode levar a deficiências nutricionais, que a médio e longo prazo podem trazer riscos à saúde.

A intervenção nutricional para transtornos mentais pode oferecer benefícios, pelo menos no que diz respeito ao controle dos sintomas. A dieta cetogênica ou ketoflex oferece uma nova linha poderosa de terapia nutricional frente a alguns distúrbios desafiadores.