"As pessoas perderam o medo, normalizaram a COVID e a tratam como se fosse uma gripe, o que é um erro", afirma Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.
"Mesmo as formas leves da doença podem trazer consequências futuras, como danos neurológicos, cardiológicos e respiratórios, além da COVID prolongada. E há possibilidade de a reinfecção levar a formas graves e complicações tardias."
Segundo o mais recente InfoGripe Fiocruz, divulgado na última sexta (16), há uma tendência de aumento de casos de COVID na população adulta de todos os estados do país.
"Se você estiver numa cidade onde a curva de casos ainda é ascendente, as medidas deverão ser mais rígidas. Evite confraternização com muita gente e mantenha as comemorações com as pessoas da mesma casa", afirma Eduardo Medeiros, coordenador científico da Sociedade Paulista de Infectologia.
De acordo com o médico, de maneira geral, não é necessário suspender as atividades, mas apenas tomar cuidado. Pessoas vulneráveis são mais suscetíveis às formas graves da COVID.
"Idosos acima de 70 anos, imunossuprimidos, doentes crônicos e com problemas pulmonares devem manter distanciamento na hora da alimentação, porque é o momento em que você tira a máscara e na conversa as pessoas eliminam gotículas. Também é aconselhável o uso de máscara no convívio familiar", diz ele.
Para Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, só pode pensar em festas quem está com o esquema vacinal contra a Covid atualizado.
"A minha vontade de 'infecto-raiz' é falar para não fazer festa de final de ano, mas não é algo factível, sinceramente. Mesmo com a maior circulação do vírus agora e uma taxa de mortalidade que não é de 4.000, mas de cem por dia e isso é alto, se a gente já começa a falar assim as pessoas não vão seguir mais nada."
Na opinião da médica, a sugestão é pedir comprovante de vacina dos convidados para a confraternização e verificar se estão com as doses atualizadas. "Isso não impede os casos leves, mas diminui o risco de formas graves da doença."
Outras formas de evitar a transmissão é preferir reuniões em ambientes abertos, em locais com ventilação natural, onde é possível deixar janelas e portas abertas, usar máscara e álcool em gel, manter o distanciamento físico e higienizar as mãos de forma correta.
Raquel Stucchi ressalta, ainda, que o autocuidado deve começar na ida ao supermercado, aos shoppings e às ruas de comércio popular, com o uso de máscara, álcool em gel e evitando aglomerações.
"As pessoas com quatro doses, mas com risco de agravamento da doença --idosos, imunossuprimidos e doentes crônicos, como obesos e diabéticos-- devem se preocupar mais com a própria saúde, porque tomaram a última dose há mais de quatro meses. Para elas, a proteção cai muito. Em ambiente fechado, tire a máscara somente para se alimentar e mantenha o distanciamento", afirma a especialista.
No caso de sintomas leves que podem indicar Covid-19, como coriza, uma dor de cabeça incomum e dor de garganta, recomenda-se fazer um teste ou autoteste antes de ir ao encontro de outras pessoas, segundo especialistas.