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Estado de Minas FESTAS DE FIM DE ANO

Como chegar ao dia seguinte à festa de Natal ou réveillon livre da ressaca

'Day after' pode envolver inchaço, retenção de líquido, enjoo e dor de cabeça. Sugestão é consumir uma bebida regenerativa


25/12/2022 04:00 - atualizado 25/12/2022 07:33

álcool e comidas pesadas
Sentir-se mal após a comilança das festas de fim de ano é comum se a pessoa se exceder no consumo de álcool e comidas pesadas (foto: pixabay)


As festas de fim de ano são sinônimo de ceia farta e muitos drinques, tanto no Natal quanto no réveillon. Depois de se permitir sair da rotina e aproveitar bastante, é normal sentir inchaço, retenção de líquido, dor de cabeça e enjoo, sintomas comuns da famosa ressaca. Mas não é preciso desanimar. Mesmo sendo algo incômodo no dia seguinte, é possível tomar algumas medidas básicas com a alimentação e hidratação que vão ajudar você a melhorar. 
 
Evelin Murta, nutricionista funcional e comportamental, explica que a ressaca é um processo que envolve um desajuste no estômago, no fígado e no cérebro. “Isso acontece porque a molécula do etanol, substância que bebemos, é muito pequena e fácil de passar pelas barreiras
no fígado para chegar até o cérebro. É por isso que ela consegue atingi-lo tão rapidamente.”
 
Evelin Murta
Evelin Murta recomenda água de coco e a considera a opção perfeita, já que hidrata muito mais rápido que a água normal (foto: Arquivo pessoal)
 
A ressaca está relacionada ao teor alcoólico da bebida que está sendo consumida. Segundo Evelin, é muito mais provável ficar de ressaca quando a bebida tem maior percentual alco- ólico do que quando esse número é mais baixo. “Uma cerveja é diferente do uísque, por exemplo.” A explicação da nutricionista é que a ressaca é resultado do desconforto que a pessoa sentirá no estômago, no fígado e no cérebro, causando enjoo, decorrente de um processo de inflamação, quando o etanol não consegue ser rapidamente metabolizado pelo fígado. 
 
“O álcool atua no cérebro como se pudesse desligar, suprimir a atenção e gerar relaxamento de leve a moderado até muito intenso. O relaxamento até certo ponto não é ruim, mas quando o limite é ultrapassado, sim. A ingestão de um nível alcoólico muito alto faz com que o fígado não dê conta de degradar o etanol”, esclarece.
 
A profissional diz que esse relaxamento extremo no cérebro atrapalha o processo de respiração no período noturno, fazendo com que o indivíduo ronque, e que, por isso, não consiga oxigenar direito o cérebro, fundamental para o processo de regeneração. O resultado disso? “Uma inflamação responsável por aumentar um agente cerebral chamado glutamato, altamente inflamatório e muito responsivo para dor de cabeça e dificuldade de raciocínio no dia seguinte.”

SINTOMA CLÁSSICO

A dor de cabeça é um sintoma clássico da ressaca. As sentidas no corpo dependem do grau de álcool, que, em excesso, suprime o sistema de defesa.

“Isso facilita, por exemplo, que uma pessoa que saia para beber em um dia chuvoso ou frio, pegue algum tipo de vírus e amanheça doente”, afirma Evelin. 
 
Todo o processo de ressaca se dá por causa dessa molécula do etanol. Sendo assim, o fígado tem de estar muito bem preparado para desmontar esse etanol, para que ele não faça todo esse mal no próprio fígado e no cérebro. É preciso lembrar que um estômago que vem de uma sequência de ingestões alcoólicas como acontece entre os encontros de fim de ano, entre o Natal e o réveillon, também sofre agressões.
 
De acordo com a nutricionista, o estômago não tem capacidade de desmontar a molécula presente no etanol, o que explica por que muita gente sente dores, desconfortos e não consegue comer no dia seguinte. “Por isso, a importância em cuidar destas três estruturas: estômago, fígado e cérebro.” 

PROTEGER O ESTÔMAGO

É o estômago que vai receber a primeira pancada do álcool. Portanto, como esclarece Evelin, ele precisa ter contato com uma bebida maravilhosa regenerativa, como a água de coco com a polpa do coco, cenoura e maçã. “Com essa junção de ingredientes, conseguimos compostos que auxiliam e funcionam como uma espécie de pasta d'água natural para proteger o estômago. É excelente para combater a azia e os desconfortos gástricos depois do consumo de álcool”, declara.
 
Já o fígado precisa de bons carboidratos para poder funcionar bem, entre eles vitaminas do complexo B, obtidas em bons carboidratos, como cuscuz, batata-doce, aveia e milho. A recomendação é não ter uma alimentação pesada e dar espaço a opções mais leves. 
 
“De forma alguma escolha alimentos industrializados e com muitos conservantes, pois é pura química e o fígado não precisa disso depois da ingestão de álcool. Vale apostar em cuscuz, pamonha, batata-doce cozida ou banana-da-terra cozida. Invista no complexo B, gérmen de trigo, semente de girassol batida ou em pasta, semente de abóbora e em frutas com bastante líquido, pois já que o fígado está sujo, ele acaba pedindo ajuda para os rins, que, por sua vez, precisam de muita água para o processo de desintoxicação”, informa a profissional. E quais os tipos de água? De acordo com Evelin, a água de coco é a opção perfeita, já que hidrata muito mais rápido que a água normal. Além disso, é preciso beber cerca de 2 a 3 litros de água. “Se o indivíduo quiser tomar um suco verde, pode. É um excelente detox, mas evite os alimentos ácidos. O melhor é dar preferência ao melão e à água de coco.” 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.
 
jaqueline bifano
jaqueline bifano, psiquiatra (foto: Arquivo pessoal)
 

Palavra de especialista

jaqueline bifano, psiquiatra
 
“As festas de fim de ano são uma espécie de respiro! Após longos meses de muito trabalho, estudo, situações a serem resolvidos, problemas, estresses e vitórias, a grande maioria das pessoas veem, nesses encontros com familiares e amigos, quase sempre à mesa, com muita comida e bebida, uma forma de extravasar, relaxar e brindar tudo o que passou ao longo dos últimos 12 meses e, por que não, ao ano que está para chegar. O sentimento de tristeza após comer, quando é algo recorrente, pode ser um sinal de que algo não está bem, com a possibilidade, inclusive, de ser um quadro de transtorno alimentar. Já no caso de ocasiões festivas como Natal e réveillon, a comilança vem de braços e mãos dadas com o consumo exagerado de álcool, e o arrependimento tem mais a ver com o mal-estar causado por esse abuso. A punição, seja pelo corte de calorias nos dias após as festas ou pelas dietas malucas e pouco nutritivas, acaba sendo opção para muita gente e mexe diretamente com nosso humor, que já está um pouco embaraçado pela bagunça gastronômica e etílica desses eventos. Cuide de sua mente e do seu corpo. Cortar alimentos com o intuito de tentar reverter o que aconteceu nessas últimas semanas do ano pode trazer mais prejuízos do que benefícios à sua saúde física e psicológica. Faça escolhas mais inteligentes durante esses dias e, se não tiver conseguido agir dessa forma, respeite-se, invista na hidratação, em alimentos nutritivamente ricos, movimente-se, tenha noites de sono de qualidade, boas relações e, principalmente, tenha em mente que o próximo ano está só começando e que todos os dias podemos ter e fazer novas possibilidades.” 
 
 


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