A gestação é um fenômeno fisiológico com demandas metabólicas específicas e com necessidades nutricionais diferenciadas. Para atender a este último ponto, durante o acompanhamento pré-natal, o médico obstetra precisa ficar atento à dieta da paciente, cuidando para que haja um equilíbrio dos macronutrientes consumidos, durante o período.
A médica obstetra Bruna Pitaluga explica que carboidratos (açúcares), proteínas e ácidos graxos (gorduras) são os componentes mais importantes da dieta humana, por serem essenciais a todas as estruturas metabólicas do organismo humano. Na gravidez, adquirem papel ainda mais relevante, segundo ela.
"Mesmo com quantidades excelentes de micronutrientes (vitaminas e minerais), não é possível suprir as necessidades nutricionais básicas para o desenvolvimento do feto, sem o consumo adequado de carboidratos, proteínas e ácidos graxos", afirma a médica obstetra.
De acordo com a especialista, os carboidratos fornecem a energia para atender as necessidades usuais da mãe e do feto em crescimento. A proteína, por sua vez, segundo a médica, está envolvida em papéis biológicos estruturais - a formação da queratina e do colágeno - e funcionais (enzimas, transporte de proteínas e hormônios). "Já os ácidos graxos são os principais componentes estruturais das membranas celulares, sendo vitais para a formação do tecido do bebê", diz.
Não obstante a importância geral de todos os macronutrientes durante a gestação, Bruna Pitaluga ecplica que, à medida que o momento do parto se aproxima, é recomendado ingerir mais proteínas e menos carboidratos. Isso porque, segundo ela, quanto mais avançada a gestação, menor é o controle metabólico da hiperglicemia materna.
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"Se o ambiente fetal for exposto excessivamente à glicemia (açúcar no sangue), ele passará a ter dificuldades consideráveis em seu gerenciamento e, dessa forma, maior se tornam as chances de ocorrer complicações gestacionais", informa.
Bruna explica que a modificação glicêmica própria do período final da gravidez, e que pode ser agravada pelo consumo em excesso de carboidratos favorece, por exemplo, alterações do neurodesenvolvimento fetal. "Além disso, a hiperglicemia está associada à morte fetal, como é demonstrado em diversos trabalhos científicos", destaca.
Conforme a médica obstetra, as modificações atreladas a essa condição metabólica podem ser facilmente detectadas ao analisar alterações em fatores como a circunferência abdominal e o tamanho da cabeça do feito (proporção cabeça-barriga).
"Desse modo, com o intuito de reduzir as chances de interferências e comprometimentos para a saúde tanto da mãe quanto da criança, os cuidados com o consumo de carboidratos devem ser redobrados", conclui.