O sobrepeso e a obesidade são temas recorrentes na atualidade. Não à toa, visto que os dados oficiais são alarmantes. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade em 2022, divulgado pela Federação Mundial da Obesidade, a previsão é de que 29,7% da população brasileira adulta tenha obesidade até 2030. Deste total, 33,2% seriam mulheres, e 25,8%, homens.
Emagrecer para idosos precisa de uma boa dose de esforço
Uma estimativa do Censo Demográfico 2022, ainda em andamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que pessoas com 60 anos ou mais representam 14,7% da população residente no Brasil em 2021. Em números absolutos, são 31,23 milhões de pessoas, a partir da previsão do Censo de que somos quase 208 milhões de brasileiros.
Diante desse quadro, um grupo de pesquisa chancelado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Belo Horizonte, estuda o envelhecimento saudável.
A equipe multidisciplinar - formada por geriatras, nutricionistas, dentistas e alunos de graduação e pós-graduação do Serviço de Geriatria e Gerontologia do Hospital das Clínicas da UFMG colhe dados de idosos acima de 80 anos para entender o que leva essas pessoas à longevidade.
Cerca de 120 idosos já foram cadastrados nesse grupo de pesquisa batizado de Khrónos (tempo, em grego). Há um ano e meio, algumas evidências têm sido catalogadas para uma melhor compreensão do envelhecimento saudável desses pacientes.
SAUDÁVEL
Uma das responsáveis por esse grupo, a nutricionista Ann Kristine Jansen, de 58 anos, professora do Departamento de Nutrição da UFMG e doutora em ciências pela Unifesp, explica que “a boa alimentação é um dos motivos para o envelhecimento saudável”.
Leia-se nas entrelinhas, sublinha a nutricionista, o fato de, apesar de esses pacientes apresentarem algum tipo de comorbidade, muitas vezes algo natural do processo de envelhecimento, eles também têm quadros controlados de doenças com as quais convivem e, sobretudo, sem prejuízo na funcionalidade, ou seja, eles mantêm a autonomia e a mobilidade para levarem uma vida independente de cuidadores.
A nutricionista destaca o que todos esses idosos têm em comum, em se tratando de consumo alimentar. “Baixa quantidade de ultraprocessados, bom consumo de frutas e hortaliças e também de feijão, além de um consumo bom de proteína. Muitos deles jantam à noite. O uso de açúcar é baixo e de refrigerante também.”
De acordo com ela, apesar de a maioria não ter o hábito de fazer exercícios físicos convencionais, todos, porém, mantêm uma rotina de atividades. “Caminham, cuidam da casa, cuidam da horta. Não são idosos que ficam sentados no sofá o dia inteiro”, comenta.
PANDEMIA
O que dizer desses idosos durante a pandemia, uma vez que o grupo, apesar de existir desde 2016, apenas há um ano e meio tem o crivo do CNPq e, portanto, suporte para ser considerado um estudo com fins de pesquisa científica.
De acordo com Ann Kristine, nenhum dos idosos assistidos pelo grupo morreu em função do coronavírus. Também se observou uma melhora na alimentação de todos eles, preocupados em manter uma boa saúde.
A nutricionista relatou ainda que a fragilização dos idosos ocorreu no que diz respeito ao humor, tendo em vista a perda de parentes e amigos para as complicações decorrentes da COVID-19.
Além da alimentação saudável, primordial para evitar o sobrepeso e a obesidade - fatores de risco para o adoecimento e agravamento de diversas enfermidades -, Ann lista o que todos sabem, mas nem sempre cultivam: atividade física (manter-se em movimento sempre), exercício físico (fazer esportes, academia etc.) e interação social (cultivar amigos, viagens e passeios, buscando cultura e diversão).