Para muitas pessoas, o início do ano é uma época para analisar tudo que aconteceu nos últimos 365 dias, estabelecer as principais metas e, até mesmo, se reinventar. As resoluções mais populares estão relacionadas à saúde, à estética e a novos hábitos de vida. No entanto, para atingir resultados benéficos e duradouros, é essencial que exista planejamento e determinação.





 

A nutricionista clínica Raphaella Salomão explica que a atmosfera comemorativa de começo do novo ano é culturalmente carregada de uma simbologia forte de mudança de vida. Pode ser o momento de começar uma nova prática de esporte, experimentar um novo cardápio e começar a cumprir os objetivos. "Porém, depois da primeira semana, quinzena ou mês, essa empolgação vai embora, e o sedentarismo e os hábitos ruins ganham espaço e força", comenta.

 

 

 

A especialista esclarece que a empolgação com o novo vai embora e o que fica após esse período é, somente, a disciplina. "É essa sensação de motivação que o réveillon carrega consigo que precisamos utilizar a nosso favor, seja para manter a constância e seguir o que já estava sendo feito, ou, para formular rotinas e estabelecer, com a repetição dessas, a criação de novos hábitos que se transformarão em disciplina depois de executados por um período de tempo relevante", completa.

 

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Uma das mais famosas teorias a respeito do estabelecimento de hábitos é a desenvolvida pelo psicólogo e cirurgião plástico Maxwell Maltz, que afirma que são necessários 21 dias para um hábito ser estabelecido. Segundo a teoria, esse seria o período que o cérebro necessita para se adaptar a uma mudança, mesmo positiva.





Foco

 

Por isso, um dos pontos mais importantes para atingir os objetivos de se tornar mais saudável, é manter a constância, tanto na alimentação quanto nos exercícios físicos. E, o primeiro mês do ano não é só um bom momento para começar pelos ares de vida nova, mas, também, porque sucede um período marcado pelas confraternizações e excessos do último mês do ano.

 

"Toda essa atmosfera comemorativa, se não estiver aliada a uma rotina que contemple de forma mínima os bons hábitos alimentares, uma boa ingestão de água e a prática de exercícios físicos pode impactar de forma negativa para a saúde", esclarece Raphaella. Por ser uma época com esses riscos, tentar manter o equilíbrio é o indicado - o que não significa não aproveitar.

Ana Paula Reis praticando remo no Lago Paranoá.





(foto: @newton411vm)


É o caso da publicitária, Ana Paula Reis, 43 anos, que acredita que os cuidados com a saúde não tiram férias. "Como a rotina de atividade física quase não muda nas férias, o hábito de comer bem também acontece naturalmente", relata. Entretanto, ela conta que é normal nas viagens e no recesso acabar comendo alguns alimentos diferentes e mais calóricos, e o segredo é buscar um equilíbrio sem se privar. "Sem muitos excessos, mas também nada de paranoia", explica.

Ana Paula é atleta, pratica canoa havaiana há 5 anos e crossfit há 8, e já realizou diversas modalidades esportivas, como remo olímpico, corrida de rua, natação, entre outras. Ela acrescenta que os esportes são um hábito incorporado. "Nunca existiu parar nas férias ou recomeçar uma atividade numa segunda-feira, por exemplo. Todo dia tem um bom motivo pra fazer algum esporte. E, no início do ano, tem aquele gostinho de poder se planejar antecipadamente para algum objetivo específico".

Por isso, na viagem que planeja fazer com a família no próximo mês, pretende aproveitar o mar para praticar o remo e mesclar a diversão com a constância na atividade física. Para ela, existem inúmeras vantagens manter-se ativa, como o fato de se sentir mais disposta, mais alegre, mais produtiva e com sono de qualidade.





Bem-estar

Não parar a atividade no período de recesso é o que auxilia a não perder a forma e a capacidade física. "Sempre aconselho meus alunos que mantenham o corpo ativo e aproveitem o tempo de ócio para fazer novas modalidades esportivas, caminhar pelas cidades visitadas e aproveitar mais o contato com a natureza de forma geral", sugere a personal trainer Angelica Fornazier.


Ela afirma ainda que a possibilidade de se desafiar e fazer algo que sempre teve vontade, mas nunca achou tempo, é bem-vinda. Alguns exemplos citados pela profissional para quem terá a oportunidade de viajar são participar de aulas de surf, fazer caminhadas em trilhas, andar de bicicleta sem rumo, caminhar pela cidade sem hora pra voltar, entre outros.

Silvana Peres (à direita) pronta para realizar a prática de remo com sua colega Cristiana e o instrutor Cristian, do Clube de Remadas Kaluanã

(foto: Fotos: Arquivo pessoal)


O contato com a natureza também pode trazer inúmeros benefícios. A psicóloga Silvana Peres, aponta o exercício ao ar livre como um dos maiores facilitadores do processo e desde abril pratica remo no Clube de Remada Kaluanã, em Brasília, e conta que não planeja nenhuma pausa no início do ano.



"Inseri a prática do remo como um exercício contínuo, que me faz bem para o corpo e a alma, uma vez que é praticado na natureza. E o que te faz bem não tem sentido interromper. Acho a disciplina importante para a manutenção da saúde diária", explica. Além do remo, também pratica ioga, treino funcional no parque, trilhas e caminhadas.

Os hábitos saudáveis estão sempre presentes na rotina de Silvana. "É como eu sempre digo para os meus pacientes: corpo são, mente sã. Na maioria das vezes, em uma atividade física, a mente consegue dar uma trégua e as soluções surgem do silêncio entre os pensamentos. Por isso, exercícios são tão importantes para a saúde", conclui.

Começo aos poucos

Como caminhadas e atividades leves podem ser o ponto de partida para quem está sem praticar atividade alguma, os aplicativos de corridas e que desenvolvem rotinas de treinos auxiliam a manter a motivação e enviam lembretes diários. Além disso, possuem a vantagem de registrar o avanço, comparar com amigos e servir como termômetro pessoal de limites.



Angelica Fornazier também recomenda a dança, por ser uma atividade divertida e que mexe com todo o corpo. A natação, seja no mar, seja na piscina, ajuda a trabalhar a respiração de forma ritmada, segundo a profissional. Para quem se sente inseguro para começar, o auxílio de profissionais da educação física e da saúde pode trazer mais confiança e tranquilidade.

"O que não pode faltar é a vontade de mexer o corpo mesmo que chova", reforça a personal trainer. Para ela, o mais importante é não parar de forma abrupta, pois "o retorno é sempre mais difícil" e o indivíduo corre o risco de entrar em um "modo avião", sem perspectiva de voltar a se exercitar.

 

 

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