Com a chegada do Verão, é muito comum casos de micoses, infecções causadas por fungos, na pele e nas unhas. Neste período de calor, aumenta a transpiração, ida a clubes e praias, uso de roupas e toalhas molhadas no corpo, e por isso é importante enxugar as dobras e a pele para evitar que a umidade nestes locais propicie a proliferação de fungos, microrganismos responsáveis pelas micoses.
"Em caso de suspeita de micose, é necessário a realização do exame micológico, que detecta a presença de fungos em amostras de pele, unhas, cabelos entre outras. No local em que será feito a coleta não deve ser aplicado nenhum tipo de antifúngico tópico, antimicóticos ou antisséptico, pois estes podem interferir no resultado", explica a coordenadora de Microbiologia do Laboratório São Paulo, Iara Furtado Santiago.
De acordo com Iara Santiago, as micoses mais frequentes no Verão são as superficiais. "São também conhecidas como dermatofitoses e acometem as camadas superficiais da pele, regiões de dobras, regiões interdigitais (entre os dedos) e a estruturas associadas à pele como é o caso dos pelos, tecidos queratinizados e unhas. Os fungos responsáveis por estas infecções podem fazer parte da microbiota cutânea normal, como é o caso da Malassezia, agente responsável pela Pitiríase versicolor,ou podem ser fungos adquiridos do meio ambiente, no contato com animais e de pessoa para pessoa", explica ela.
A Pitiríase versicolor é uma das infecções fúngica superficial mais comuns que atinge grande parte da população, pois ela está presente na microbiota cutânea e ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Essa infecção é também conhecida como Tinea versicolor, pano branco e micose de praia. A Pitiríase é mais relatada no Verão e em pessoas com elevada sudorese, sendo os adultos jovens mais comumente afetados. As manifestações clínicas de Pitiríase versicolor variam de placas descamativas assintomáticas, pequenas máculas hipo ou hiperpigmentadas, eritematosas, com bordas bem definidas ou não, forma e cor variável, este contraste é mais perceptível após a exposição ao sol por isto mais descrita no verão. Esta infecção apresenta distribuição preferencial na parte superior do tronco, braços, tórax, ombros, coro cabeludo, face e pescoço, mas qualquer parte do corpo pode ser afetada.
Há fungos que acometem porção extra folicular dos pelos, causando infecções na haste do pelo, as Piedras. Elas formam incrustações nodulares de coloração branca ou de coloração negra. Afetam a barba, o couro cabeludo, os pelos da região inguinal e regiões axilares.
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As micoses em dobras e entre os dedos, denominadas de Tineas, são conhecidas como frieiras e podem ser causadas por diversas espécies de fungos. Como os fungos têm preferência por colonizar ambientes quentes e úmidos, essas regiões acabam sendo afetadas durante todo ano, podendo apresentar aumento da incidência no verão.
Já as micoses de unhas, as Onicomicoses, não são exclusivas do Verão, mas da mesma forma que as Tineas,tem maior incidência neste período. O diagnóstico preciso e de qualidade se inicia com uma boa coleta.
Entre os exames, que podem ser realizados, o exame micológico direto, visualização direta, através da observação ao microscópio de escamas, pelos e raspagem de lesões frente ao material colhido. O exame de cultura fúngica apresenta um resultado mais preciso do provável agente e esse pode levar dias ou semanas, sendo determinado pelo tempo de crescimento do fungo responsável pela infecção. O Laboratório São Paulo também realiza teste automatizado de sensibilidade aos antifúngicos para as infecções por espécies de Candida.
Iara Santiago alerta que é preciso estar atento as manifestações clínicas e procurar um dermatologista, pois estas podem aparecer em até 15 dias após o contato com o agente fúngico responsável pela infecção. O tratamento para as infecções superficiais é prolongado e eficaz.
Para a coordenadora de Microbiologia do Laboratório São Paulo pensar em proteção para as micoses superficiais no Verão é essencial. É importante ter uma pele saudável, com hábitos de higiene adequados, evitar permanecer por um longo período com roupas úmidas e compartilhar roupas e calçados, estar atento a regiões mais úmidas e aos ambientes que são potencialmente contaminados.
"O aparecimento das micoses não ocorre em todas as pessoas que são expostas aos agentes causadores da infecção. Muitas pessoas podem ser saudáveis e não pegar a infecção mesmo tendo contato com o fungo. Já outras pessoas podem apresentar micoses recorrentes que podem ser o indicativo de alguma outra doença que está descompensada como é o caso da diabetes", ressalta Iara.
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