Uma pesquisa americana encontrou uma ligação entre a perda auditiva e a maior prevalência de demência em idosos acima de 70 anos. De acordo com o estudo, a prevalência da demência é maior quanto maior for o grau de perda auditiva, chegando a 16,52% com perda de audição severa. A mesma taxa foi de 6,19% em pacientes com audição normal e de 8,93% para aqueles com perda leve. Comparando os pacientes com algum tipo de debilidade auditiva com aqueles sem sintomas, a prevalência chega a ser 61% maior.





Por outro lado, o uso de aparelho auditivo naqueles que já tinham sinais de deficiência auditiva reduziu em 32% o risco de demência em relação aos que não fizeram uso do aparelho.


Os achados da pesquisa foram publicados na última terça (10) na revista especializada Jama (Journal of the American Medical Association) por pesquisadores do Centro Coclear para Audição e Saúde Pública da Escola de Saúde Pública Bloomberg, Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Para avaliar qual o papel da perda auditiva na prevalência de demência, os cientistas analisaram os dados obtidos por meio de inquéritos e exames comunitários - excluindo pacientes em instituições de longa permanência de idosos - de 2.413 pacientes com 65 anos ou mais registrados no programa de convênio de saúde Medicare, ligado ao governo.



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Do total de participantes, 1.347 (55,8%) eram mulheres e 1.285 (53,3%) tinham 80 anos ou mais. Entre as etnias e cor de pele, 453 (18,8%) eram negros não latinos, 110 (4,6%) eram latinos e 1.790 (74,2%) eram brancos não latinos.

Histórico de tabagismo 
Consideradas as variáveis de sexo, idade, escolaridade, raça e etnia, histórico de tabagismo e condições de saúde preexistentes (como ter tido AVC, doença cardíaca ou hipertensão, entre outros), a prevalência total de demência na população era de 10,27%. A maior incidência de demência esteve associada ao sexo masculino, pessoas mais velhas e com menor escolaridade, como já indicado em outros estudos. Já a taxa estimada de perda auditiva era de 36,74% nos participantes do estudo.

Segundo os autores, o risco de demência aumentava cerca de 16% a cada dez decibéis perdidos na análise auditiva, o que indica que quanto maior a perda auditiva, maior a prevalência de danos também cognitivos.





Para Alison Huang, primeira autora do estudo e pesquisadora associada no centro médico, a pesquisa traz dados mais precisos sobre o que já era observado na literatura médica. "O estudo refina essa ligação observada entre perda auditiva e demência e dá suporte para uma ação de saúde pública de melhorar o acesso a aparelhos auditivos, especialmente para os mais velhos", disse.

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Ainda segundo o estudo, a prevalência de global de perda auditiva nos portadores de demência é cerca de 8%. No Brasil, os últimos dados disponíveis sobre perda auditiva em idosos são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, que apontou 1,5 milhão de idosos com deficiência auditiva. Os números estão um pouco abaixo da prevalência apontada pela OMS, de 1,5% de pessoas com perda auditiva no país - o que daria cerca de 3 milhões de pessoas.

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