A violência contra a mulher é aquela cuja motivação principal é o gênero, ou seja, é praticada contra mulheres pelo fato de serem mulheres. “Ela pode ser física, sexual, psicológica, moral e patrimonial, e todas elas são complexas, perversas e não ocorrem isoladas umas das outras”, afirma a médica Eveline Catão, ginecologista e médica legista e associada da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).
Segundo a gineocologista, a violência contra a mulher tem graves consequências para aquelas que a sofrem, como por exemplo, a perda da autonomia, baixa autoestima, medo excessivo e traumas que podem resultar em doenças como ansiedade e depressão. “Muitas vezes, as vítimas vão aos poucos se isolando da família e dos amigos, o que dificulta a saída do ciclo abusivo”.
A médica relata que esse tipo de violência tem como origem a construção desigual do lugar das mulheres e dos homens na sociedade. Para ela, a desigualdade de gênero é a base de onde se estruturam todas as formas de violência e privação contra mulheres. Para ela, é assim que a assimetria de poder se legitima e se perpetua.
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Ameaças, constrangimento, humilhação, perseguição...
“Muitas pessoas associam a violência a episódios de espancamentos, porém ela não se resume a isso”, explica Eveline Catão. Ela exemplifica que a violência psicológica consiste em práticas como ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, perseguições, insultos e chantagens - o que pode ser tão danoso para a vítima quanto um espancamento.
A violência sexual não se limita ao estupro
Já a violência moral consiste na exposição da vítima, na sua desvalorização, seja lá qual for o motivo, nas críticas mentirosas e em acusações sem fundamento, entre outras práticas.
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Paralelamente, a violência sexual não se limita apenas ao estupro, mas também a obrigar a mulher a fazer atos sexuais que ela não quer, impedir o uso de métodos contraceptivos, forçar a mulher a abortar e limitar o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos, entre outras práticas. “Não é porque a mulher é casada que seu esposo pode obrigá-la a fazer coisas que ela não quer”, avisa a ginecologista.
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Paralelamente, a violência sexual não se limita apenas ao estupro, mas também a obrigar a mulher a fazer atos sexuais que ela não quer, impedir o uso de métodos contraceptivos, forçar a mulher a abortar e limitar o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos, entre outras práticas. “Não é porque a mulher é casada que seu esposo pode obrigá-la a fazer coisas que ela não quer”, avisa a ginecologista.
Controle do dinheiro, estelionato, privar de bens
Por fim, a médica destacou um quinto tipo de violência muito comum, mas pouco conhecido pelo público leigo: a violência patrimonial. Conforme Eveline Catão, essa violência consiste em controlar o dinheiro da mulher, destruir documentos pessoais, furtar, extorquir, praticar estelionato, privar de bens e recursos econômicos e até mesmo deixar de pagar pensão alimentícia. “Outra prática comum dentro da violência patrimonial é causar danos propositais aos objetos da mulher, como, por exemplo, quebrar seu celular”, salienta a ginecologista.
Em todos os casos, a médica recomenda procurar ajuda profissional, tanto de um advogado quanto de um psicoterapeuta. “Converse com seus familiares e divida suas aflições. Quanto mais cedo a violência doméstica for identificada, mais chances a mulher tem de seguir sua vida sem maiores complicações”, finaliza a ginecologista.
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