O Janeiro Branco, mês dedicado à saúde mental, está chegando ao fim, mas a atenção, cuidado, prevenção e tratamento para os mais de 300 tipos de transtornos mentais catalogados devem sempre estar na pauta da saúde e da sociedade.
Entre tantos transtornos mentais, o psicólogo clínico Thales Vianna Coutinho explica que a esquizofrenia é um dos mais graves, mas com tratamento: “Porém, um aspecto fundamental de ser discutido diz respeito ao estigma. Estigma diz respeito à visão preconceituosa que a população em geral nutre em relação às pessoas com transtornos mentais. De todos os existentes, a esquizofrenia é o principal alvo de estigma. Isso, em parte, é reflexo de décadas cheias de filmes de suspense/terror, em que o personagem vilão (quase sempre um assassino) era retratado como alguém “psicótico” ou “maluco”. Isso potencializou bastante no imaginário popular a ideia de que pacientes esquizofrênicos são violentos, ou mesmo homicidas em potencial”.
Thales Coutinho destaca que, estatisticamente, a realidade é contrária. “Afinal, o que se sabe é que esses pacientes são mais alvos de violência (devido à discriminação) do que autores de atos violentos. Há muito mais crimes cometidos por pessoas sem nenhum transtorno mental, muito menos esquizofrenia, do que com. Porém, ao associar o crime à doença, isso reforça o estigma e prejudica muito a vida das pessoas que sofrem com essa doença”.
E Renata Mafra Giffoni, coordenadora do curso de psicologia da Estácio BH, ensina que a esquizofrenia é uma doença mental antiga, descrita pela psiquiatria clássica (Emil Kreaplim – 1896). É a principal forma de psicose e é caracterizada pela ruptura com a realidade.
“Nos quadros esquizofrênicos é frequente a presença de alucinações (alterações sensoperceptivas – dos sentidos) e/ou delírios que são alterações do pensamento e do juízo de realidade. A pessoa tem uma distorção da realidade, em que ela acredita, veementemente, em situações que não são reais. Um tipo de delírio comum é o persecutório, ela acredita que alguém, muitas vezes da própria família, a está perseguindo, que vai matá-la, prejudicá-la, o que leva a vários problemas familiares e sociais. Nas alucinações, há alterações dos sentidos como ver, ouvir, sentir cheiros, sem que aja um estímulo visual ou auditivo ou olfativo. Todos os sentidos podem ser afetados. São comuns também os sintomas negativos, que acometem a motivação e o agir. A pessoa vai ficando mais ensimesmada, embotada, fechada, indiferente e sem interação ao redor dela. A higiene, a alimentação, o sono são alterados e há alteração da consciência”, explica a psicóloga.
“Nos quadros esquizofrênicos é frequente a presença de alucinações (alterações sensoperceptivas – dos sentidos) e/ou delírios que são alterações do pensamento e do juízo de realidade. A pessoa tem uma distorção da realidade, em que ela acredita, veementemente, em situações que não são reais. Um tipo de delírio comum é o persecutório, ela acredita que alguém, muitas vezes da própria família, a está perseguindo, que vai matá-la, prejudicá-la, o que leva a vários problemas familiares e sociais. Nas alucinações, há alterações dos sentidos como ver, ouvir, sentir cheiros, sem que aja um estímulo visual ou auditivo ou olfativo. Todos os sentidos podem ser afetados. São comuns também os sintomas negativos, que acometem a motivação e o agir. A pessoa vai ficando mais ensimesmada, embotada, fechada, indiferente e sem interação ao redor dela. A higiene, a alimentação, o sono são alterados e há alteração da consciência”, explica a psicóloga.
O diagnóstico
Thales Coutinho destaca que o diagnóstico da esquizofrenia exige tempo de sintomas presentes, de forma que causem bastante prejuízo à funcionalidade do paciente. Ou seja, não é porque um indivíduo experienciou uma alucinação específica que ele é esquizofrênico, ou então, que utilizou drogas e teve alucinação visual. “Aliás, se os sintomas psicóticos ocorrem somente durante o uso de drogas, o diagnóstico da esquizofrenia nem sequer se aplica. Então, basicamente, esse paciente precisa sofrer com uma série de sintomas, como a perda do senso de realidade, dificuldades de interação social, diminuição da capacidade de expressar e sentir emoções e, claro, frequentes ideias delirantes e episódios alucinógenos. Isso tudo, tomado em conjunto e avaliado de forma criteriosa, pode vir a formalizar o diagnóstico da esquizofrenia”.
O psicólogo clínico conta que o tratamento da esquizofrenia tem cada vez menos efeitos colaterais. “Mesmo sendo psicólogo, devo dizer que o carro-chefe é a medicação. Sem ela é impossível fazer uma psicoterapia. Com o paciente estabilizado e a medicação ajustada, a psicoterapia é fundamental. Inclusive, para psicoeducar o próprio paciente e familiares sobre a importância de manter o tratamento, já que a própria doença comumente gera no paciente a noção de que ele está bem e de que o tratamento é desnecessário. É possível viver bem com o diagnóstico da esquizofrenia, mas é preciso deixar claro que, pelo menos até o momento, o tratamento é para a vida toda”.