É hora de comprar os materiais escolares, organizar a rotina das crianças e se preparar para a volta às aulas, que acontece a partir da próxima segunda-feira (6/2). O momento, aguardado por pais, responsáveis, professores e estudantes, traz, no entanto, um alerta: é preciso estar com as cadernetas de vacinação dos pequenos em dia. Com o retorno da convivência em coletividade, milhares de crianças podem ter a saúde ameaçada ao se expor a vírus e bactérias, que podem ser transmitidos por meio de tosse, espirros e secreções.



Sem a proteção das vacinas, as crianças se tornam alvos de doenças que se proliferam facilmente nos estabelecimentos educacionais, como sarampo, coqueluche, catapora, caxumba, e, sobretudo, viroses, resfriados e gripes. O maior problema é que essas e outras doenças, que são evitáveis com a imunização, têm registrado nos últimos tempos baixas taxas de cobertura vacinal. Esse tem sido um alerta de saúde pública e de grandes especialistas.

"O risco das crianças adoecerem mais e por doenças imunopreveníveis pela vacinação é real. Doenças como poliomielite, sarampo, meningite, febre amarela e gripe tiveram notificações e até óbitos, mesmo assim registraram nos últimos tempos queda na cobertura. Em Minas Gerais, por exemplo, apenas 75,36% das crianças e adolescentes, em 2022, foram imunizados para o meningococo tipo C, bactéria mais prevalente no Brasil e responsável por uma das formas mais letais da meningite", diz a técnica em vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura. A vacina para meningite C é disponibilizada para crianças menores de cinco anos, enquanto a meningite ACWY é ofertada para adolescentes de 11 a 14 anos.

Em relação ao sarampo, a cobertura para o público-alvo, em todo país, em 2022, ficou em 51,2%, bem distante dos 95% preconizados, conforme dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações.



Cartão em dia

A melhor forma de evitar que essas doenças cheguem aos pequenos é aumentar a conscientização e colocar em dia o cartão de vacinas deles. "Existem doenças que são transmitidas por vírus e bactérias e preveníveis pela vacinação. Quando a criança está devidamente imunizada, ou seja, protegida, ao ter contato com o agente agressor, logo o sistema imunológico dela reconhece e impede o desenvolvimento da doença. Quanto mais crianças estiverem vacinadas, menor será a circulação da doença entre elas", argumenta Marta.

Leia também: Aumento na quantidade de árvores em uma cidade reduz mortes precoces

De acordo com a especialista, pais e responsáveis devem estar atentos às vacinas recomendadas, algumas delas disponíveis apenas na rede privada, com a função de ampliar a proteção, como, por exemplo, a Pneumo 10, que pelo SUS protege contra 10 tipos de pneumococos e, nos laboratórios particulares, contra 13. Com maior proteção e estendendo a faixa etária, tem ainda as vacinas Meningite ACWY e Rotavírus pentavalente.

Marta lista as vacinas que compõem o primeiro ano de vida das crianças, sendo que as doses de reforços devem ser administradas nos anos seguintes: BCG (previne tuberculose), Hepatite B, Hexavalente (difteria, tétano, coqueluche, haemophilus, hepatite B e poliomielite), Pneumo 13 (pneumonias, otite e meningite), Rotavírus pentavalente (infecções gastro intestinais), Meningites (bacterianas), Influenza, Febre Amarela, Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), Varicela (catapora) e Hepatite A.



Para quem está com o calendário desatualizado, Marta diz que o primeiro passo é procurar um profissional que trabalhe com vacinas para apresentar o cartão, que será avaliado de acordo com o que a criança já recebeu, faixa etária, doses e outras vacinas a serem indicadas. "Feito isso, em casos de várias vacinas, será orientado quanto à prioridade de aplicação e intervalos entre as doses. O mais importante é que a atualização das vacinas seja realizada o quanto antes e que a criança e seus pais fiquem protegidos", pondera.

Cuidados diários no ambiente escolar

Marta orienta que outras medidas devem ser tomadas para aumentar a proteção da saúde das crianças no ambiente escolar. "É preciso também se atentar para uma alimentação rica em nutrientes e ingestão de líquidos. Entre os cuidados, é recomendado por pediatras a lavagem nasal diariamente e, se preciso, mais de uma vez. A higienização rotineira evita o acúmulo de muco, que favorece a entrada de vírus e bactérias que circulam pelo ambiente escolar e podem ser passadas por crianças doentes. Esse conjunto de fatores influencia diretamente na imunidade e saúde das crianças", ensina a especialista.

compartilhe