SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Principal causador do surto de diarreia em Santa Catarina neste verão, o norovírus tem alta capacidade de proliferação. Sua transmissão se dá via fecal-oral, ou seja, por meio da ingestão de água e alimentos contaminados e do contato com pessoas infectadas, em especial pelas mãos.
Os principais sintomas são diarreia e vômito, que podem vir acompanhados de náuseas, febre baixa, dores no corpo e prostração. As manifestações variam conforme a característica de cada indivíduo e, geralmente, aparecem nos primeiros dias após o contágio.
Os dias quentes da estação são propícios para a circulação não apenas do norovírus, mas do rotavírus e do adenovírus, que também causam quadros gastrointestinais. No ambiente de praia há um descuido maior com higiene e refeições, mas especialistas ressaltam que a contaminação ocorre em qualquer lugar.
A principal forma de evitar o norovírus é intensificar os cuidados com higiene.
"Muitos dos agentes infecciosos podem ficar nas superfícies. Se eu ponho a mão no corrimão, na mesa, em local em que alguém com a doença também colocou , esses agentes infecciosos grudam na minha mão. E o contato dela com rosto, olhos e boca é uma forma de infecção", diz o médico Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Paulista de Pediatria e coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia.
"A higiene das mãos deve ser redobrada e mais intensa se a pessoa estiver com diarreia. Ela não pode, por exemplo, manipular alimentos. E neste caso o álcool em gel não é tão eficaz como é contra outros vírus, porque o norovírus tem uma camada lipídica", afirma Carlos Magno Fortaleza, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.
O norovírus não é o mais grave causador das diarreias virais, mas merece atenção de pessoas com imunodeficiência imunológica, além de crianças e idosos, muito vulneráveis a quadros de desidratação.
SINTOMAS DO NOROVÍRUS
- Diarreia
- Vômito
- Náuseas
- Febre baixa
- Prostração
- Dor abdominal
- Dores no corpo
DICAS DE PREVENÇÃO
- Lavar as mãos frequentemente, com água e sabão
- Beber bastante água filtrada e de fonte segura
- Não consumir gelo de procedência desconhecida
- Na praia e em bares, evitar raspadinhas e sacolés, devido à manipulação constante do gelo
- Não consumir alimentos de procedência desconhecida, fora da validade e com as embalagens deterioradas
- Não consumir alimentos crus ou mal cozido, especialmente na praia
- Evitar frutas e verduras descascadas ou com a casca danificada
- Não visitar praias impróprias, nem mesmo para permanecer na areia
TRATAMENTO
Em caso de infecção, os cuidados com alimentação e hidratação são os melhores remédios, dizem os especialistas. "Água e soro caseiro. A vantagem do soro caseiro é que ele contém sódio e açúcar, que na membrana do intestino facilitam a absorção da água", afirma Fortaleza.
Em geral, o uso de medicação para cortar vômito e diarreia não é recomendado, mas cada caso deve ser avaliado na sua particularidade.
"Sempre que possível, é interessante ter a orientação do seu médico. Em situações com muitos vômitos, em que a pessoa não consegue se alimentar, principalmente crianças pequenas ou idosos, a chance de caminhar para uma desidratação é grande", diz Otsuka. "Mas na maioria das vezes é um quadro tranquilo , em que uma simples orientação pode ajudar."
A reconstituição da flora intestinal, por sua vez, ajuda na recuperação, mas não combate a diarreia. "É válida, tem sido preconizada, mas existem situações em que não se deve fazer a reposição, como no caso de pacientes com câncer em quimioterapia", alerta Otsuka.
Para combater a proliferação do vírus, o infectado deve ficar em casa, longe de locais públicos e aglomerações. "Não é um isolamento respiratório como o da COVID-19, mas um distanciamento para cortar a cadeia de transmissão. Já ajuda bastante", afirma Fortaleza.