Neste sábado (4/2), é lembrado o Dia Mundial do Câncer, e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aproveita para alertar sobre o aumento de casos de câncer de mama em mulheres com menos de 35 anos. Desde 2020 a incidência da doença passou de 2% para 5% nessa faixa etária. "É um número significativo, quer dizer que mulheres jovens estão tendo mais câncer de mama do que antes, ou que estamos diagnosticando mais. E essa não é a época de ter câncer. É época de passear, casar, ter filhos", diz a radiologista e responsável técnica pelo setor de mamografia e radiologia intervencionista da Redimama, Tereza Cristina Oliveira, que trabalha com doenças de mama há mais de 30 anos.
A médica lembra que o câncer de mama é um desafio, porque é uma doença complexa. Não existe um único fator de predisposição. "São vários fatores, e doenças distintas em cada mulher. O mesmo câncer, em uma determinada mulher, tem um tipo de comportamento e agressividade, e em outra isso é diferente", afirma Tereza Cristina.
"Mas qual mulher hoje consegue não ter uma rotina estressante? Brinco que a mulher está vivendo uma vida de homem. Trabalha fora, cria os filhos, faz comida, lava e passa roupa, não pode ser gorda, não pode ser feia ou ter rugas, bebe muito, fuma muito. É uma vida complicada. Antigamente, as mulheres após os 40 anos já eram consideradas velhas. Sentavam na porta de casa, batiam papo com amigas, era uma vida mais tranquila. Agora é diferente, e o corpo feminino não está preparado para tantas pressões", pondera Tereza Cristina.
A médica reforça que evitar o câncer de mama não é tão simples. É preciso pensar também no histórico familiar - quando há casos na família, aumenta o risco. "O importante é correr atrás do diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a doença for detectada, melhores chances de tratamento, menos agressivas as cirurgias, mais sobrevida", diz. E, para isso, o exame ideal é a mamografia. A SBM recomenda que a mulher inicie a mamografia de rotina a partir dos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde, a partir dos 50 anos, quando deve ser feita anualmente. "O exame é indicado até quando a mulher tiver possibilidade de uma sobrevida legal. Não tem limite de idade, só quanto à situação física de cada mulher", aponta Tereza Cristina.
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Uma boa notícia é que, tanto os exames de rastreamento, como mamografia, ressonância magnética, ulrassonografia e biópsias, quanto os tratamentos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias, estão muito mais modernos e eficazes. "Tudo evoluiu muito. Raramente hoje é necessário retirar a mama inteira", conta a médica.
Está preconizado, inclusive na legislação, explica Tereza Cristina, que, em 30 dias após a percepção de alguma alteração na mama e, com o diagnóstico em mãos, em 60 dias começa o tratamento. Mas no Brasil, esse limite de tempo, principalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não é respeitado. "Senti uma alteração na mama, preciso fazer os exames, vou ao posto o médico não está, ou o equipamento está quebrado. Não desista, vá atrás, exija, é o seu direito. Faz toda a diferença no tratamento, e toda a difereça entre a vida e a morte", reforça.
Tereza Cristina também fala sobre a dificuldade de encontrar tratamento fora dos grandes centros. No país, há boa quantidade de mamógrafos disponíveis, por exemplo, mas estão mal distribuídos. E ainda há escassez de profissionais capacitados para operar os equipamentos. "Ensino para as mulheres: se toquem, e não tenham medo. Não se desesperem quando o câncer acontecer. Ter o diagnóstico precoce salva vidas", conclui.
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