O setor plant based não para de crescer. Pequena amostra desse aquecimento é o estudo “Plant Based Foods Poised for Explosive Growth”, produzido pela consultoria Bloomberg Intelligence, que mostra que os alimentos à base de plantas devem ocupar 7,7% do mercado mundial de proteínas, que representa nada menos que US$ 162 bilhões até o ano de 2030. Ou seja, os produtos vegetais vieram para ficar. Porém, como ainda é um segmento em ascensão, há alguns mitos que cercam o meio e precisam ser desfeitos. Afinal, são justamente essas ilusões que afastam as pessoas da dieta em questão e impedem que elas tenham contato com os seus diversos benefícios.
Ana Batista, líder da Unidade de Nutrição Molecular da NotCo, destaca que, sem dúvidas, o maior deles é que a alimentação plant based é ideal apenas para veganos e vegetarianos. Absolutamente qualquer pessoa pode consumir produtos à base de plantas, uma vez que, por definição, só limitam ou excluem alimentos de origem animal. Consequentemente, as refeições dessa categoria têm todas as características que bons pratos contêm: sabor, nutrição, saudabilidade e, como um dos seus maiores diferenciais, a sustentabilidade.
Dieta de produtos de origem vegetal: questão nutritiva
Em relação ao primeiro quesito, é possível dizer que dietas baseadas em itens de origem vegetal podem ser divertidas. "Atualmente, substitutos para carnes e laticínios, por exemplo, são tão satisfatórios quanto seus equivalentes animais, reproduzindo a textura e a performance dos mesmos; isso sem falar em ingredientes complementares mais específicos, como molhos. Com isso, há diferentes jeitos de utilizar esses alimentos, seja no café da manhã, almoço ou jantar, fazendo com que a pessoa não tenha perdas em aderir a esses hábitos", diz Ana Batista.
Já na questão nutritiva, uma das principais dúvidas a respeito da alimentação plant based está ligada à ingestão de proteínas. "De fato, são produtos que têm uma quantidade menor do macronutriente do que aqueles que são originados de animais. Entretanto, também está mais do que comprovado que há como fazer um planejamento das refeições de forma a garantir o conteúdo protéico necessário para o dia a dia. É possível fazer essa combinação com quinoa, lentilhas e alimentos feitos com soja, ou os próprios lançamentos que substituem itens da dieta tradicional", explica Ana Batista.
Vitaminas e minerais
Ainda sobre a nutrição, Ana Batista conta que muitas pessoas se perguntam sobre o fornecimento de vitaminas e minerais que os alimentos à base de plantas oferecem, especialmente a vitamina B12, que é presente na carne, leite, ovos, peixes e crustáceos.
"É fundamental esclarecer que em todos os mercados há representantes vegetais que contêm naturalmente, ou são fortificados, com esses compostos. Assim, o bom e velho trabalho de olhar a tabela nutricional, ou até obter a ajuda de um especialista para montar uma rotina alimentar como essa, não deixa ninguém com um déficit das substâncias", assegura a especialista.
Prevenção de doenças crônicas
Como se isso não bastasse para realçar a marca saudável da alimentação plant based, Ana Batista diz que ainda é preciso destacar alguns efeitos que reforçam essa característica: "Vários estudos já demonstraram que a ingestão de uma dieta baseada em plantas ajuda a prevenir doenças crônicas, tais como diabetes e doenças cardíacas, pois, normalmente, têm inúmeras opções baixas em gorduras saturadas, sódio e açúcares refinados".
E ela continua: "Inclusive, o equilíbrio de sódio, além de potássio, fósforo e até proteínas, favorece a regulação de acidez no organismo feita pelos rins, o que ajuda na prevenção de doenças renais. Se adicionarmos o fato de que os alimentos vegetais têm mais fibras do que os animais, o resultado é uma maior proteção para esses órgãos, algo que é essencial para indivíduos com doenças renais".
Sustentabilidade
Por fim, Ana Batista lembra da questão da sustentabilidade. Em geral, produtos do mercado plant based têm menos emissões de gases de efeito estufa, menos uso da terra e da água. "E, claramente, os processos abusivos com os animais que o setor alimentício tradicional recorre na maior parte das vezes também é eliminado, preservando o meio ambiente por completo".
Portanto, estamos diante do crescimento de um segmento que pode se tornar uma verdadeira revolução para a alimentação da sociedade, devido a todas essas vantagens. "E é justamente por esse motivo que a busca pela informação fará uma grande diferença nessa jornada, afastando mitos e ressaltando benefícios", garante Ana Batista.