Geralmente, costumamos falar muito do câncer de próstata em períodos de campanhas, como a do Novembro Azul. No entanto, o que funciona mesmo é ter informações corretas durante todo o ano. Afinal, o quanto antes, melhor. Para Renato Corradi, onco-urologista, as pessoas ainda têm muitas dúvidas em relação aos fatores de risco deste tipo de câncer e como prevenir ou minimizar essa patologia tão prevalente entre os homens, responsável por cerca de 1,4 milhões de casos diagnosticados apenas em 2020.
Importante reforçar que o câncer, muitas vezes, não dá sinais de que vai aparecer e segue como um desafio para a ciência, já que, até mesmo em pessoas saudáveis, novas e com bons hábitos, ele pode vir a se instalar. "Mesmo assim, embora não seja possível controlarmos todas as variáveis, podemos elencar alguns aspectos de atenção. E outros, no entanto, precisamos informar que são apenas senso comum popular", afirma.
Assim, muitos mitos e dúvidas ainda rondam a doença. Para resolver este problema de vez, o médico esclarece pontos importantes com base científica. Veja em tópicos:
Genética
Segundo ele, histórico familiar e origem étnica estão associados a um maior risco de desenvolver câncer de próstata, mas apenas uma pequena subpopulação de pacientes apresenta doença verdadeiramente hereditária. "A hereditariedade está associada a um risco até 7 vezes maior de aparecimento precoce da doença, mas não impõe um risco maior de agressividade dela".
Exame de toque
Em razão disto, a Sociedade brasileira de Urologia recomenda que os exames de Screening do câncer de próstata como o toque retal e PSA devam ser iniciados aos 45 anos nos homens que possuem pai ou irmãos com câncer de próstata, 5 anos mais cedo do que os homens em geral. "É preciso reforçar que, no caso destes, os exames devem ser iniciados aos 50 anos", afirma.
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Prevenção
De acordo com o médico, uma extensa variedade de fatores exógenos e comportamentais já foram estudados e discutidos como sendo associados a um risco maior de desenvolver o câncer de próstata. Porém, não existem nenhuma dieta ou tratamento medicamentoso efetivo para prevenção.
Metformina
A associação entre o uso de metformina (uma droga usada no tratamento do diabetes tipo 2) mostrou benefício em diminuir o diagnóstico de câncer de próstata. Porém, em um importante estudo (REDUCE) com 540 pacientes diabéticos a Metformina não foi associada, de forma significativa, a uma redução do desenvolvimento da doença, logo não deveria ser prescrita com este objetivo.
Obesidade
Este mesmo estudo também não mostrou efeito do uso das estatinas e dos níveis de colesterol do sangue em relação ao câncer de próstata. Outra doença muito prevalente na população mundial, a obesidade estaria associada a um maior número de casos de câncer de próstata de alto risco.
Testosterona
Uma dúvida frequente entre os homens que fazem reposição de testosterona é sobre o seu risco aumentado de desenvolver a doença, porém, nos pacientes hipogonádicos, esta reposição não estaria associada a um risco maior de desenvolver câncer de próstata. "Muito importante salientar que isto vale apenas para os pacientes com diagnóstico clínico e laboratorial de hipogonadismo e não para aqueles que utilizam a testosterona de forma recreativa e sem indicação de reposição. Neste grupo de indivíduos não existe segurança de se utilizar a medicação".
Alimentação
Corradi explica que, historicamente, alguns alimentos como proteínas derivadas do leite e carnes vermelhas são apontados como fatores de risco, porém as evidências científicas não comprovaram esta associação. Assim como não estão comprovados a proteção pelo consumo de tomate, licopeno, selênio e Vitamina E.
Cigarro e álcool
O cigarro e alto consumo de bebidas alcoólicas, além de predisporem a várias doenças cardiovasculares e pulmonares, também estão associados a tumores de próstata mais agressivos e, quanto maior o consumo, maior o risco, segundo explica o médico.
Idade e hábitos saudáveis
De acordo com ele, o câncer de próstata tem incidência aumentada em idades mais avançadas e está associado a fatores genéticos. Não existem estudos conclusivos que mostrem medidas alimentares efetivas em relação à proteção de se desenvolver o câncer de próstata. "De qualquer maneira, hábitos saudáveis de vida como uma boa alimentação, prática de exercícios físicos, não consumo excessivo de bebidas e não fumar são medidas importantes de promoção da saúde e podem evitar o aparecimento do câncer de próstata agressivo. Além disso, indivíduos saudáveis que desenvolvem a doença apresentam melhor recuperação e menores efeitos colaterais caso precisem de tratamento."
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