Você costuma reabastecer garrafas PET com água, sucos, chás e outras bebidas? Por mais que a intenção seja contribuir para a redução do impacto ambiental, a medida pode afetar a sua saúde. Foi em 1993 que o pet (polietileno tereftalato) passou a ser utilizado no Brasil para a fabricação de bebidas, e apesar da praticidade, reutilizar garrafas plásticas pode favorecer a contaminação bacteriana, como explica o coordenador do curso de biomedicina da Estácio BH, Klenio Oliveira Patry.
“A garrafa pet não é fabricada para ser reutilizada com bebidas. Isso porque a superfície do plástico é porosa, facilitando o acúmulo de bactérias e sua contaminação pelo toque com as mãos ou o contato com a boca. Para se ter uma ideia, a bactéria Ideonella sakaiensis consegue quebrar as moléculas e digerir um filme de 60 microgramas do pet em seis semanas. A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores de Kohei Oda, do Instituto de Tecnologia de Kioto, no Japão. Eventualmente, se for reusar a garrafa, a recomendação é lavá-la com detergente neutro e verificar se há algum dano no material”, elucida o biomédico.
Já a contaminação pelo aditivo bisfenol-A (BPA) em garrafas plásticas, o especialista informa que não procede. “É fato que o BPA está relacionado à diversas doenças, como diabetes, obesidade, alterações cerebrais, comportamentais e de linguagem, e estudos comprovaram sua associação a um risco aumentado de câncer, principalmente neoplasias de mama, útero, ovário, próstata e testículo".
Proibido pela Anvisa
Contudo, Klenio Oliveira Patry explica que, no Brasil, a Anvisa proíbe a importação e fabricação de frascos contendo BPA desde 2012, de modo que as garrafas de plástico macio – pet – não contêm o composto sintético: "Ainda assim, é importante ter atenção, pois revestimento interno de enlatados, garrafas reutilizáveis de água (do tipo squeeze), inclusive aquelas ofertadas como brindes sem controle de fabricação, e garrafões de água mineral, que não tenham sua produção fiscalizada e aprovada pela vigilância sanitária podem conter BPA”.Segundo Klenio Oliveira Patry, também é importante que o consumidor fique atento à forma de armazenar a garrafa pet: “Se o produto for mantido em caixa térmica de isopor (EPS – poliestireno expandido), deve ser bem limpa antes e depois de utilizá-la. Se a bebida for armazenada em recipiente hermético (PSE – do grupo dos termoplásticos), basta um pano úmido e deixe-o secar. A limpeza deve ser regular e minuciosa para mantê-lo estéril e íntegro por mais tempo. Não utilize produtos químicos, o PSE é um plastificante e como tal pode ser danificado pelo contato com materiais abrasivos ou corrosivos ou produtos extremamente quentes”, observa.
O ideal é não reutilizar para armazenar bebidas
O docente da Estácio BH reitera que o ideal é não reutilizar as garrafas plásticas para armazenar bebidas. “Os recipientes de vidro podem ser uma alternativa segura, mas não são práticos para o transporte diário. Uma boa solução é utilizar embalagens de alumínio certificadas pela Anvisa, pois são produzidas dentro das normas estabelecidas, tanto que alimentos, bebidas, medicamentos, produtos de higiene pessoal e limpeza são à base de alumínio, que impede a passagem de luz, umidade e impurezas”, orienta.
Para minimizar a produção de lixo, Klenio sugere que as garrafas pet sejam reutilizadas como porta treco, luminária, peso para exercícios físicos e outras formas criativas e seguras.