Criopreservação de células-tronco do cordão umbilical e da placenta. Já ouviu falar? Sabe o que significa? Bem, além da decisão de ter um filho ser uma das decisões mais marcantes na vida de muitas mulheres ao ter um bebê nos braços pela primeira vez, também é momento de outras resoluções fundamentais e urgentes. Decidir coletar células-tronco tem de ser uma ação imediata em seguida ao parto. A partir da decisão, elas poderão ser utilizadas dentro de alguns anos no tratamento de doenças da criança proprietária do material e de parentes de primeiro grau, caso haja compatibilidade.
Atualmente, podem ser tratadas doenças como linfomas, mieloma múltiplo, leucemias, anemias de diversas etiologias, hemoglobinopatias e imunodeficiências congênitas. Esse é um dos grandes avanços da medicina nos últimos anos. Para que a estrutura e o funcionamento das células sejam mantidos, permitindo assim que elas possam ser utilizadas no futuro, a criopreservação é uma das técnicas utilizadas de congelamento de células e tecidos a baixas temperaturas.
As células-tronco hematopoiéticas, coletadas no momento do parto sob solicitação da família, podem ser usadas posteriormente. Além delas, muitos estudos em andamento abrem perspectivas para aplicações futuras, tais como no tratamento de perda adquirida de audição, paralisia cerebral, doença vascular periférica e lesões da medula espinhal.
A hematologista e hemoterapeuta Patrícia Fisher, responsável pelo Criovida, do Grupo Pardini, explica a importância do sangue do cordão umbilical. “O transplante de medula óssea é um procedimento que utiliza a infusão de células-tronco hematopoiéticas. A fonte dessas células pode ser a medula óssea, o sangue periférico e o sangue de cordão umbilical e placentário, sendo que os dois últimos, antes descartados no passado, são rico em células-tronco hematopoiéticas, coletadas no momento do parto e, posteriormente, criopreservadas se estiverem dentro das normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como celularidade mínima.”
Capacidade de se autorenovar
A especialista ensina que as células-tronco hematopoéticas são células que têm a capacidade de se autorrenovar e se diferenciar em células especializadas do sangue. “O armazenamento das células do sangue do cordão umbilical e placentário ocorre por meio da criopreservação, etapa final de um processo que envolve testes preliminares, coleta, transporte e testes de qualificação.”
Patrícia Fisher acrescenta que as células-tronco podem tratar doenças em que seja necessário transplante de medula óssea. “É importante informar que o sangue do cordão umbilical e placentário não pode ser usado para tratar uma doença genética ou leucemia congênita no mesmo indivíduo (transplante autólogo), porque o sangue do cordão armazenado contém a mesma variante genética ou células pré-malignas que levaram à condição em tratamento”, alerta.
Os critérios
Mas será que toda amostra de sangue é viável para a criopreservação? Patrícia Fisher esclarece que não. “Segundo o estabelecido pela norma técnica atual da Anvisa, deve ter teste microbiológico negativo, celularidade mínima de 500 milhões de células nucleadas viáveis e 1,25 milhão de células progenitoras hematopoiéticas.”
Outra dúvida comum em torno do tema é se qualquer gestante está apta a criopreservar o sangue do cordão umbilical e placentário e se pode fazê-lo em toda gestação. Patrícia Fisher explica que, atualmente, há alguns critérios de exclusão para a coleta das células-tronco hematopoiéticas para uso autólogo. São eles: idade gestacional inferior a 32 semanas; presença de evidências clínicas, durante a gestação ou trabalho de parto, de processo infeccioso ou de doenças que possam interferir na vitalidade placentária; trabalho de parto com relato de anormalidade; e sofrimento fetal grave.
A hematologista conta como funciona nos casos do cordão umbilical de gêmeos. “Se a gestação for de gêmeos univitelinos (gêmeos idênticos) ocorre apenas uma coleta, pois compartilham bolsa amniótica e placenta. Se a gestação de gêmeos bivitelinos ocorre, há uma coleta para cada bebê.”
Favorecer o bem-estar do nosso filho
“Eu e meu marido decidimos que iríamos fazer o procedimento de criopreservação de células-tronco pensando no futuro e na evolução da medicina. Quando formalizamos um seguro de qualquer modalidade, a finalidade da contratação é resguardar os nossos bens e, no caso da criopreservação das células-tronco do Matheus, foi favorecer o bem-estar do nosso filho. É como se eu tivesse feito um seguro de vida para ele e toda a família, pois a compatibilidade do material coletado entre familiares é muito superior. Foi a primeira vez que fizemos. Infelizmente, quando do nascimento do meu filho primogênito não estava disponível a prestação de serviços de criopreservação de células-tronco. Como trabalho na área de saúde, acompanho os temas da área e não tive nenhuma dúvida em formalizar o contrato de criopreservação. E a intenção é uma só: resguardar o meu filho no tratamento de possíveis doenças, bem como os familiares próximos, face a compatibilidade do material criopreservado a ser utilizado. Uma decisão que, enfim, me deixa resguardada.”
Como funciona o serviço*
- A família decide pela contratação do serviço, agenda a consulta clínica com o médico especializado. Esse, por sua vez, vai solicitar uma lista de exames à gestante, orientar a respeito do passo a passo do processo, dos procedimentos de coleta e armazenamento e das possibilidades de uso futuro do material biológico.
- No dia do parto, realizado em uma maternidade credenciada, a equipe de especialistas do Criovida realiza a coleta do sangue da placenta e do cordão umbilical – onde as células-tronco estão em abundância – minutos após sua clampagem e desligamento do bebê. O processo é 100% seguro e indolor para mamãe e bebê.
- O sangue coletado é acondicionado em recipiente adequado, com temperatura controlada, para o envio seguro ao Centro de Processamento Celular do Criovida (em Belo Horizonte). O material é inspecionado criteriosamente para verificar suas condições e a correspondência dos dados da coleta, o que vai garantir sua integridade e identificação.
- O processamento do material coletado é feito em ambiente controlado, em que todos os insumos têm a qualidade assegurada, seguindo os protocolos de crioproteção. O rígido controle inclui as curvas de congelamento empregadas com a mínima variação de temperatura, visando garantir a qualidade do material. Cada componente envolvido no processamento tem sua rastreabilidade fiscalizada e documentada, tornando o processo extremamente confiável. Também é realizada a análise de recuperação celular pós-processamento, que vai indicar se a amostra está apta a seguir para a etapa de armazenamento.
- Esta é a etapa em que o material será, de fato, armazenado a baixas temperaturas até que seja solicitado por seu proprietário, caso haja necessidade. A tecnologia de ponta, o controle de processos e os equipamentos envolvidos no congelamento das células-tronco pelo Criovida asseguram sua integridade por longos períodos. O armazenamento se dá em uma máquina congeladora, capaz de manter em seu interior temperatura média inferior a -150OC. O controle do congelamento é realizado por tanques de nitrogênio manipulados remotamente por meio de um software que garante variações mínimas de temperatura.
- Se houver necessidade do uso do material, o órgão transplantador deverá entrar em contato com o Criovida e solicitar as células-tronco, que passam por testes com o objetivo de avaliar sua qualidade no que concerne ao transplante. O transporte entre o laboratório do Criovida e o hospital em que o procedimento será realizado é feito por meio de contêineres, conhecidos como dry shippers, abastecidos de nitrogênio, a fim de garantir as condições ideais para preservar as características do material.
- O ciclo se encerra no dia do transplante, em que o proprietário ou o membro do primeiro grau da família recebe de volta as células-tronco.
* Fonte: Criovida/Hermes Pardini
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