A médica hematologista e hemoterapeuta Patrícia Fisher, responsável pelo Criovida, do Grupo Pardini, desvenda mitos e verdades sobre células-tronco.
1 – As células-tronco do sangue do cordão umbilical e placentário são utilizadas comprovadamente para o tratamento de doenças.
VERDADE: Atualmente, as células-tronco hematopoéticas são utilizadas em transplante de medula óssea.
2 - Qualquer pessoa pode congelar as células-tronco do cordão umbilical do bebê.
VERDADE: É possível fazer a criopreservação das células do sangue do cordão umbilical e placentário do bebê logo após o seu nascimento, se dentro dos parâmetros estabelecidos pela norma técnica.
3 - Existe risco para o bebê na coleta das células-tronco do cordão umbilical e placentário.
MITO: Depois do nascimento do bebê, após autorização do obstetra e do pediatra, coleta-se todo o sangue do cordão e da placenta. Não existe risco algum para a mãe ou para a criança durante o processo de coleta.
4 - “O armazenamento de células-tronco em bancos públicos e privados é a mesma coisa.”
MITO: As doações de células-tronco hematopoiéticas para bancos públicos são voluntárias e feitas em maternidades credenciadas à BrasilCord, rede de bancos públicos de sangue de cordão umbilical e placentário. Todo o material da coleta pertence à rede pública. Não há garantia de que, se a família precisar das células-tronco futuramente, elas estarão disponíveis. Já nos bancos de sangue de cordão umbilical e placentário privados, o uso poderá ser feito pelo doador ou por parentes, se for compatível.
5 - Apenas a própria pessoa pode fazer uso das células-tronco.
MITO: O uso das células-tronco pode ser feito tanto pelo doador quanto por um membro familiar que seja compatível. O uso pela família amplia as chances de as células armazenadas serem usadas no futuro.
6 - Todas as células-tronco são iguais.
MITO: Existem muitos tipos de células-tronco.
7 - O sangue e o tecido do cordão umbilical não são a mesma coisa.
VERDADE: No sangue do cordão umbilical e placentário são encontradas as células-tronco do tipo hematopoéticas, e no tecido, as células-tronco do tipo mesenquimais. As células-tronco hematopoéticas e mesenquimais têm características, propriedades e aplicações distintas.
8 - Existe um prazo máximo para que o cordão possa ficar congelado.
MITO: Não há tempo máximo definido pela literatura. Há relatos que indicam unidades congeladas há aproximadamente 25 anos, que ainda demonstram viabilidade celular adequada.
9 - Armazenar as células-tronco é uma forma de pensar no futuro dos filhos.
VERDADE: É importante ressaltar que as células-tronco hematopoiéticas, além de compatíveis com o próprio bebê, apresentam uma chance aumentada de compatibilidade entre irmãos. Com as células criopreservadas, existe maior rapidez no tratamento e na diminuição dos riscos de rejeição. É importante alertar que, em casos de doenças congênitas, essas células não podem ser utilizadas, já que apresentam a mesma alteração.
SAIBA MAIS
Uso das células-tronco: polêmica?*
“As pesquisas com células-tronco estão na mídia leiga há alguns anos por conta de vários experimentos com animais. Mas as pesquisas com células-tronco embrionárias tornaram-se uma das maiores controvérsias morais e políticas da atualidade. No Brasil, a Lei Federal 11.105, de 24 de março de 2005, regulamentou as pesquisas nessa área e permite o uso de células-tronco embrionárias para pesquisa e terapia. Essas células devem ser obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, não utilizados no procedimento, devem ser embriões inviáveis e que tenham sido mantidos congelados por mais de três anos. É obrigatória a obediência às seguintes condições: haver consentimento dos genitores, bem como a submissão prévia dos projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.
A lei veta a comercialização de material biológico para esse uso. Vale ressaltar que a clonagem humana foi proibida pela mesma lei. Essas pesquisas poderão propor novas opções terapêuticas para várias doenças. Mas deve-se saber que ocorrerão debates éticos.”
* Fonte: Revista da Associação Médica