A chegada do carnaval traz a promessa da alegria da maior festa popular brasileira, mas também levanta questões que são recorrentes a cada ano, como o assédio. Na edição de 2020, a última antes da pandemia da COVID-19, o Instituto Inteligência Ibope fez uma pesquisa que apontou que 48% das mulheres brasileiras alegam já ter sofrido algum tipo de assédio no carnaval.
Contudo, desde 2018, vigora a Lei 13.718, que ficou popularmente conhecida como “não é não” que criminaliza os atos de importunação sexual e divulgação de cenas de nudez, estupro, sexo e pornografia, condenando o infrator a uma pena que varia de 1 a 5 anos.
Renata Torres, co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora e especialista em diversidade e inclusão, explica que durante o carnaval, infelizmente, há uma explosão de assédios e importunações sexuais: "São mulheres que acabam sendo tocadas, forçadas a beijar e até abusadas em meio à multidão dos bloquinhos pelo país. Em muitos casos, o ‘não’ é visto como uma tentativa da mulher de provocar ou de ‘se fazer de difícil’, por conta de uma questão sociocultural que já vem de décadas”.
Caso Daniel Alves
Recentemente, veio à tona o caso de Daniel Alves, acusado de agredir sexualmente uma mulher em um banheiro de uma boate em Barcelona, na Espanha. A jovem, em estado de pânico foi acolhida por uma equipe da boate e depois transferida para um hospital.
O caso agilizou a sanção, no dia 3 de fevereiro, pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que obriga bares, restaurantes e casas noturnas a adotar medidas de proteção e amparo a mulheres que estejam em situação de violência e assédio nesses ambientes.
“A instituição dessa política pública, sem dúvida, é um avanço. Porém, precisamos estar atentos às festas de carnaval, com os bloquinhos, os bailes e os desfies. Por que não estender esse mesmo protocolo a esses ambientes?”, sugere Renata Torres.
Instituto Avon alerta para o crime de assédio contra meninas e mulheres no carnaval 2023
O ano de 2023 marca a retomada oficial do carnaval após a pandemia de COVID-19 e é também o momento para alertar as pessoas que curtem a folia nos blocos de rua, desfiles e em trios-elétricos que o assédio contra meninas e mulheres é crime e atitudes não podem e não devem ser normalizadas.
Leia também: Saiba das diferentes formas de violência contra a mulher e as consequências.
A primeira edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, lançada em 2017 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com a Folha de S.Paulo e apoiada pelo Instituto Avon, revelou que 51% das pessoas entrevistadas já haviam visto brasileiras sendo abordadas de forma desrespeitosa na rua.
Leia também: Saiba das diferentes formas de violência contra a mulher e as consequências.
A primeira edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, lançada em 2017 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com a Folha de S.Paulo e apoiada pelo Instituto Avon, revelou que 51% das pessoas entrevistadas já haviam visto brasileiras sendo abordadas de forma desrespeitosa na rua.
Por isso, por mais um ano, o Instituto Avon reforça sobre os tipos de comportamentos contra os corpos femininos e alerta para sinais:
- Olhares constrangedores
- Perseguição
- Insultos e gestos intimidadores
- Comentários sobre atributos físicos
- Toques sem consentimento
- Brincadeiras sexistas
- E qualquer outra ação que viole a dignidade e a liberdade feminina.
Todos são característicos do assédio e não podemos naturalizá-los.
“A qualquer momento que ache necessário, a mulher pode buscar a ajuda policial e o apoio especializado contra o assédio. O que não deve acontecer de forma alguma é a normalização de condutas agressivas, que aflijam as brasileiras e restrinjam seus direitos de decisão e de escolha. Infelizmente, precisamos reforçar para a nossa população que o não é não e que se o não já foi dito, a vontade feminina precisa ser respeitada. Dignidade é algo inegociável e abusos, com certeza, não combinam com o Carnaval”, afirma Beatriz Accioly, coordenadora da causa de violência contra mulheres do Instituto Avon.
Busque ajuda das autoridades policiais e serviços como 190 e 180
Caso situações como as mencionadas aconteçam, a principal indicação é a procura por policiais, delegacias de polícia, Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam) e postos de guarda próximos a região. Além disso,
serviços como o 190 e o 180 Central de Atendimento à Mulher podem ser acionados.
As mulheres em situação de violência doméstica também podem contar com o apoio e atendimento da Ângela, assistente virtual do Instituto Avon, que é acionada via mensagem de WhatsApp e oferece suporte gratuito por meio de informações e direcionamento aos serviços de apoio social, jurídico e acolhimento. Para acessar a Ângela, basta adicionar o número (11)94494-2415 na agenda do celular. O serviço está disponível 24 horas.
Nas redes sociais do braço social da Avon no Brasil, uma série de posts também vão orientar sobre a violência contra mulheres durante a folia. Acesse o Instagram e o Facebook.
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine