Menina negra de máscara tomando vacina no braço

Existem mais de 200 tipos de HPV e, destes, cerca de 25% causam lesões

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De acordo com o Ministério da Saúde (MS), houve uma queda significativa da cobertura da vacina contra a HPV, acontecimento que tende a provocar o aumento no número de casos de câncer, que poderia ser reduzido caso a população estivesse devidamente vacinada.

Em entrevista ao Estado de Minas, a médica Valéria Barbosa, pediatra e hebiatra especialista em medicina do adolescente, explica o que é a doença e como ocorre sua transmissão.

Mulher branca com jaleco branco sentada em sua mesa de trabalho sorrindo

Valéria Barbosa, pediatra e hebiatra especialista em medicina do adolescente: 'Muitas pessoas não desenvolvem lesões no início ou apresentam quadros com poucas lesões, o que torna a infecção difícil de ser diagnosticada'

Arquivo pessoal


"O HPV (papiloma vírus humano) é um DNA vírus da família Papillomaviridae. Ele infecta o epitélio escamoso e pode causar a formação de uma grande variedade de lesões cutaneomucosas (na pele e nas mucosas) , sobretudo nas regiões genital e anal. Existem mais de 200 tipos de HPV e, destes, cerca de 25% causam lesões", relata.



"A transmissão do vírus é se dá por meio da atividade sexual de qualquer natureza, podendo inclusive haver deposição do vírus nas mãos (dedos) e a autoinoculação. Em situações raras pode haver transmissão da mãe para o bebê durante o parto, provocando o aparecimento de lesões na pele, mucosas ou laringe dos bebês. A infecção pelo HPV é uma das IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) de maior transmissibilidade e o risco de transmissão de uma pessoa infectada para seu parceiro ou parceira é de 15 a 25% em uma relação sexual. Mulheres jovens, no início da vida sexual são o principal grupo de risco para contrair o HPV", complementa.

Segundo o MS, a cobertura da vacinação de 2019 a 2022 caiu em 11,27% em meninas e 9,39% em meninos. Gizelle Rodrigues de Oliveira, coordenadora de atendimento do Laboratório São Paulo, afirma que a procura realmente tem sido baixa, principalmente por se tratar de uma vacina que também é disponibilizada na rede pública de saúde.

Mulher com cabelos acima dos ombros, sorridente, usando óculos e com os braços cruzados

Gizelle Rodrigues de Oliveira coordena atendimento do Laboratório de São Paulo

Arquivo pessoal


Os riscos da não vacinação da vacina contra HPV e do contágio do vírus da doença incluem lesões e verrugas pelo corpo.

 

 

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"Os tipos de HPV podem ser de baixo a alto risco oncogênico, ou seja, após a contaminação algumas pessoas podem desenvolver lesões (geralmente verrugas) benignas, mas dependendo do tipo de vírus e das características individuais, principalmente aquelas ligadas à imunidade, estas lesões podem se tornar malignas. Uma pessoa pode se infectar mais de uma vez pelo HPV e a cada nova contaminação o risco para desenvolvimento de lesões malignas aumenta. O período para desenvolvimento das lesões também varia de meses a anos e as lesões cancerígenas levam em média 10 a 20 anos para se manifestarem. Muitas pessoas não desenvolvem lesões no início ou apresentam quadros com poucas lesões, o que torna a infecção difícil de ser diagnosticada. Os principais riscos são, portanto, a ocorrência de lesões cancerígenas nas regiões genitais e anal em ambos os sexos. Nas mulheres podem haver lesões cancerígenas na vulva, vagina e colo do útero. No homem, as lesões podem ocorrer na bolsa escrotal ou pênis. Também podem ocorrer lesões na conjuntiva ocular, narinas, boca e laringe, mas são mais raras", diz Valéria.


vacina contra a HPV aplicada em adolescentes de ambos os sexos antes do início da vida sexual é a principal forma de prevenção. Além disso, apesar da vacina não garantir a infecção do vírus, ela tem grande eficácia na prevenção do câncer, reduzindo o risco do aparecimento de lesões benignas ou malignas caso ocorra a infecção.


"O tratamento para erradicação das lesões deve ser iniciado o mais rápido possível e existem diversos tipos de tratamento que podem ser clínicos, cirúrgicos ou combinados. É necessário comunicar aos parceiros sexuais, para que passem por um exame clínico também. É muito importante rastrear outras infecções sexualmente transmissíveis nos pacientes infectados e em seus parceiros", alerta a médica.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estudos mundiais comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas, e essa porcentagem pode ser ainda maior em homens. A estimativa é de que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada por HPV. Com isso, se faz de extrema importância a vacinação dos jovens.

Segundo o Laboratório de São Paulo, menores de 15 anos devem tomar duas doses com intervalo mínimo de 6 meses. Para maiores de 15 anos o recomendado são três doses em intervalos diferentes entre elas e em pacientes imunossuprimidos ou pacientes vivendo com HIV sempre deve ser feito o esquema de três doses.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie