Uma doença evitável e curável e que ainda leva à morte de milhares de mulheres no mundo: o câncer do colo do útero. O Capitulo Mineiro da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital e Colposcopia (ABPTGIC MG) alerta para uma doença altamente prevenível e da importância dessa vacinação. No dia 4 de março, é o Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV (papilomavírus humano), causador da doença.
A sede da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), em Belo Horizonte, abraça essa causa e ilumina sua sede durante a primeira semana de março de lilás, cor alusiva ao tema. Também nos dias 24 a 25 acontecerá, no Centro de Convenções e Eventos da AMMG, o Colpominas 2023, onde especialistas discutirão a temática dentre outros que afetam as mulheres nessa área. Confira mais sobre: https://doity.com.br/colpominas.
Além do uso do preservativo e do exame de Papanicolaou, uma das formas mais eficazes para se proteger da doença é a vacina, que deve ser aplicada tanto em meninas (de 9 a 14 anos) quanto em meninos (de 11 a 14 anos), pessoas de nove a 26 anos com HIV/Aids e pacientes oncológicos ou transplantados (esse último grupo precisa de prescrição médica para vacinar). Hoje o Ministério da Saúde (MS) preconiza duas doses oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o público-alvo.
Números preocupam
No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados 16.710 casos novos, o que representa um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na mortalidade proporcional por câncer em mulheres, em 2020, os óbitos por câncer do colo do útero ocupam o terceiro lugar no país, representando 6,1% do total.
Para a presidente da ABPTGIC MG, Telma Franco, esses números são preocupantes. É a quarta forma mais frequente de tumor entre as mulheres e a mais comum entre as que vivem com Aids. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as populações de baixa renda são as mais afetadas pelas mortes. "O câncer de colo de útero afeta desproporcionalmente as mulheres que vivem em regiões menos desenvolvidas do mundo pois, nesses locais, não há efetividade nas ações e nem mesmo a disseminação correta de informações, como a importância da vacinação contra o HPV."
Franco acredita que as mulheres enfrentam dificuldades como a falta de conhecimento sobre a doença e das estratégias de prevenção. "Elas também têm vergonha ou constrangimento em realizar exame preventivo e encontram dificuldades para agendar consultas, fazer e obter resultados de exames." Em agosto de 2020, a OMS reforçou sua estratégia global para acelerar a eliminação do tumor, considerando três pilares principais: prevenção através da vacinação; triagem e tratamento de lesões pré-cancerosas; tratamento e cuidados paliativos para câncer cervical invasivo. Entretanto, ponderou que a COVID-19 pode atrapalhar os esforços para atingir as metas delineadas para 2030.
Sobre o HPV
Na maioria das vezes, o vírus do HPV é eliminado espontaneamente pelo organismo, mas em alguns casos ele pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais etc.), anal, genital e da uretra, além de lesões de alto risco nos órgãos genitais que podem evoluir lentamente para o câncer de pênis e o de colo do útero. O tumor peniano é raro e representa apenas 0,4% dos carcinomas malignos do sexo masculino; já o câncer de colo de útero é bem mais comum.
O mais preocupante é que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. Portanto, não há dúvida de que as mulheres são as maiores vítimas dessa IST.