SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A proteção de quatro doses da vacina contra uma infecção grave causada pela variante ômicron do coronavírus chegou a mais de 90%, mesmo em pessoas que tiveram uma infecção prévia.





A defesa também foi mais alta em pessoas que tiveram uma infecção anterior do coronavírus pelas variantes BA.1 e BA.2 (89,5% e 94,3%), respectivamente.

Quando consideradas aquelas pessoas que nunca tiveram COVID, a efetividade de duas doses dos imunizantes (ou seja, o esquema primário recomendado, sem reforço) foi de 41,5% contra infecção pela BA.5. Já em pessoas que tiveram caso confirmado no passado, a proteção foi de 50% e 53,1%, respectivamente, em quem teve infecção anterior por BA.2 e BA.1 contra quadro grave causado pela variante BA.5.


Os dados são de um estudo publicado nesta sexta (10) na revista médica especializada Jama Network Open. A pesquisa reforça a importância das doses de reforço para proteger contra novas infecções do vírus e contra casos graves, mesmo em pessoas que tiveram COVID no passado.

 

 

 

Para avaliar a chamada eficácia na vida real (ou efetividade) das vacinas contra a ômicron, os cientistas analisaram 3.415.980 registros de casos positivos do dia 1º até o dia 31 de agosto de 2022, com o pico de novas infecções pela variante BA.5, com o mesmo número de casos negativos. Os registros foram ajustados para sexo (53,9% dos casos eram mulheres), idade (idade média dos participantes era de 40,2 anos), lugar de residência e condições prévias de saúde.





 

Leia também: Vacina bivalente: entenda como ela funciona 


O chamado status vacinal (quantas doses cada pessoa havia recebido) dos participantes foi considerado como uma variável para análise da efetividade.


Os pesquisadores então calcularam qual seria a razão de probabilidade (OR ou odds ratio, em inglês) de ter uma infecção pela variante BA.5 em pessoas que já tiveram infecção prévia ou não e, em um segundo momento, se essa nova infecção seria grave ou não.


Com esse valor para cada variável (infecção prévia e status vacinal) eles calcularam a efetividade da vacina. Além dos valores apontados acima, a análise encontrou a efetividade de 90,9% de proteção contra infecção grave em indivíduos com quatro doses da vacina sem quadro prévio de COVID, e de 93,9% e 92,9%, respectivamente, em quem se infectou anteriormente pela variante BA.1 e BA.2.






A conclusão da pesquisa, segundo os autores, é que tomar quatro doses da vacina, independentemente do histórico prévio de infecção pelo coronavírus, esteve associado a uma maior proteção contra o quadro grave causado pela BA.5.


Diversos estudos já apontaram que o reforço da vacina contra COVID oferece maior proteção para casos graves e hospitalizações causadas pelas novas variantes, inclusive em quem já teve a doença.


A pesquisa reforça, por assim dizer, que a chamada imunidade combinada, representada por uma imunidade adquirida por infecção mais a imunidade induzida por vacinação, pode ajudar no desenvolvimento de quadros leves e sintomas mais brandos mesmo após uma reinfecção.


Ainda, a proteção das vacinas contra efeitos mais agravados da doença ajuda na prevenção da chamada COVID longa, que pode surgir até um ano após a infecção, conforme apontam as pesquisas mais recentes.





A expectativa é que o conhecimento adquirido nos últimos três anos ajude a desenvolver vacinas cada vez mais adaptadas às variantes em circulação e que elas possam se somar à proteção de infecções.


Os especialistas ainda alertam para os riscos de não vacinados ou pessoas com esquema vacinal incompleto, além daqueles com maior risco de adoecimento, de pegar Covid e desenvolver um quadro grave.

 

Por isso, dizem, é fundamental que as pessoas atualizem seu esquema vacinal até a última dose de reforço oferecida: quarta dose para pessoas com mais de 40 anos, terceira para todas as pessoas acima de 12 anos e a quinta dose ou bivalente para os grupos prioritários e pessoas acima de 60 anos, além de imunossuprimidos e transplantados.

 

O estudo de efetividade foi conduzido por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Cheongju, na Coreia do Sul, e do Hospital Anam da Universidade da Coreia, em Seul.

compartilhe