A infecção por fungos da espécie Candida auris está se espalhando rapidamente e de forma "alarmante", diz o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Os casos nos EUA quase dobraram em 2021: passaram de 756 para 1.471, aponta o relatório da entidade.
Na maioria das infecções diagnosticadas em terras americanas, o fungo era resistente aos tratamentos disponíveis. Por esse motivo, o CDC classifica a situação como uma "ameaça urgente relacionada à resistência antimicrobiana". Muitos pacientes afetados estão em hospitais e lares de idosos.
Um em cada três indivíduos com infecções invasivas por Candida auris morre, mas pode ser difícil avaliar como esse fungo afeta pacientes vulneráveis, avalia a epidemiologista Meghan Lyman, principal autora do relatório do CDC.
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A infecção foi relatada pela primeira vez nos EUA em 2016. O aumento mais rápido de casos aconteceu entre 2020 a 2021, de acordo com dados publicados no periódico especializado Annals of Internal Medicine.
Outro motivo de preocupação é o aumento de casos que se tornaram "resistentes às equinocandinas", que é a classe de antifúngicos mais recomendada para o tratamento da infecção por Candida auris.
O CDC atribui o aumento à falta de medidas de prevenção nas unidades de saúde e às melhoras nos serviços de acompanhamento e diagnóstico de casos.
Outro fator que parece ter contribuído, segundo a entidade, foi o estresse ao sistema de saúde relacionado à pandemia de COVID-19.
Lyman disse ao canal CBS News que o aumento de acometidos pela doença "enfatiza a necessidade de vigilância contínua, além de expandir a capacidade de laboratórios, criar testes de diagnóstico mais rápidos e criar programas de prevenção e controle de infecções".
E no Brasil?
Outros países também têm visto um aumento nos casos de Candida auris. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde incluiu na lista de "patógenos fúngicos prioritários".
No Brasil, já foram identificados ao menos três surtos de maior importância relacionados a esse micro-organismo nos últimos anos.
O mais recente deles aconteceu entre dezembro de 2021 e março de 2022 em um hospital de Recife, em Pernambuco. À época, nove indivíduos foram acometidos.
O episódio foi alvo de um estudo publicado no início de 2023 por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).
Segundo os pesquisadores, a Candida auris "requer uma grande vigilância por sua alta capacidade de formar colônias e biofilmes, o que contribui para a disseminação do fungo".
"A identificação rápida e precisa dessa espécie é essencial para gerenciar, controlar e prevenir infecções", concluem os especialistas.