Lula

Após a viagem à China, uma viagem aos Emirados Árabes também estava prevista e provavelmente será adiada

Marcelo Camargo/Agência Brasil

"Prudente, correta e muito oportuna", analisou a  pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, após o adiamento temporário da viagem do presidente Lula à China, neste sábado (25). De acordo com o boletim médico divulgado hoje, Lula também apresenta influenza, além da broncopneumonia bacteriana, diagnosticada esta semana. 

O presidente Lula, embora esteja com uma aparência melhor, segundo a equipe médica, coordenada pelo cardiologista Roberto Kalil, está em tratamento à base de antibióticos e antivirais. Ele permanece em repouso e nos próximos dias será aconselhado a fazer exercícios leves e caminhadas curtas. 
 

Segundo Margaereth Dalcolmo, com o preenchimento das unidades respiratórias, os alvéolos, os médicos optaram pelo adiamento de duas ou três semanas da viagem, especialmente pelo fato de o presidente ter uma agenda muito intensa, além do trajeto ser bastante longo (25 horas de viagem e fuso horário de 12 horas) e também por causa do ar que circula no interior da aeronave. "Estamos falando de um homem de 77 anos, que já foi fumante e teve problemas de saúde. No caso dele, tudo está muito controlado e as medidas terapêuticas estão corretas. Ele está sendo acompanhado em sua casa e não precisa de hospitalização", disse. "Do ponto de vista médico, essa decisão reforça a qualidade da medicina brasileira e que medidas médicas independem de quem é o paciente." 

Após a viagem à China, uma visita aos Emirados Árabes também estava prevista e provavelmente será adiada. 

O QUE É A PNEUMONIA?
A pneumonia é uma infecção que afeta o pulmão. Esse órgão é formado pelos chamados alvéolos, comparados a pequenos sacos que se enchem de ar no momento da respiração. Na pneumonia, os alvéolos ficam cheio de líquido e pus. Com isso, a capacidade de respirar fica afetada por causa da inflamação e, então, sintomas respiratórios podem aparecer. 


QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA PNEUMONIA?
A depender da gravidade da pneumonia, os sintomas variam. Tosse, febre, dificuldade de respirar e fadiga são os mais comuns, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Alguns pacientes também podem apresentar confusão.

Para as crianças menores de cinco anos, um dos grupos de maior risco, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) considera três tipos de pneumonia.

O primeiro tipo consiste em sintomas básicos, como dificuldade respiratória, respiração acelerada e tosse.

A pneumonia grave, segundo tipo na escala considerada pela Opas, inclui a presença de retração do tórax e batimento das asas do nariz, quando a abertura do nariz na respiração é maior do que normal, indicativo de dificuldade de respirar.

Por último, o quadro considerado muito grave pela organização engloba convulsão e vômito de tudo que foi ingerido, entre outros sintomas. 

O QUE CAUSA ESSA CONDIÇÃO?
Uma pneumonia pode surgir por diferentes razões, mas as mais comuns envolvem infecções virais e bacterianas. A COVID, por exemplo, era um caso de uma doença respiratória que podia levar um paciente a um quadro de pneumonia grave. A influenza e o vírus sincicial respiratório são outras causas do problema nos pulmões.

No campo das bactérias, a pneumococo é uma das mais conhecidas entre as que podem levar a um quadro de pneumonia.

O diagnóstico do que causa a pneumonia também depende de diferentes fatores. Além de observar os sintomas, exames laboratoriais podem ser utilizados para identificar o agente causador.

Raio-X também pode apontar o que causa a complicação. Por exemplo: em crianças de até cinco anos, a pneumonia associada a uma bactéria deve resultar em uma imagem densa, lembrando um algodão com algumas áreas mais esbranquiçadas, do tórax do pequeno. 

A PNEUMONIA É GRAVE?
A complicação pode causar quadros que vão de leve até mais preocupante em todas as pessoas. No entanto, alguns grupos são mais suscetíveis a evoluir para gravidades.

As crianças formam um desses grupos. Segundo a OMS, a infecção foi responsável por 15% das mortes em menores de cinco anos no mundo em 2017, totalizando 808 mil só naquele ano.

No Brasil, chama atenção a quantidade de crianças mortas por causa da pneumonia entre os yanomamis, povo indígena que enfrenta uma crise humanitária. Em 2021, 33% das mortes por causas evitáveis de menores com até cinco anos ocorreram por causa de pneumonia.

Além das crianças, pessoas com mais de 65 anos, fumantes e imunossuprimidos são outros grupos que apresentam maior risco para pneumonia. 

COMO É FEITO O TRATAMENTO?
O tratamento varia a depender da causa. Por exemplo, se for identificado que o agente causador é uma bactéria, antibióticos devem ser utilizados. Em casos de viroses, medicamentos antivirais podem ser adotados em situações mais graves. Antitérmicos e analgésicos também podem compor o arsenal a fim de amenizar os sintomas.

Para casos mais graves, também pode ser indicada a hospitalização do paciente. 

É POSSÍVEL SE PREVENIR?
Evitar a pneumonia passa por se prevenir dos agentes que normalmente causam a complicação. Nesse caso, vacinas que protegem contra vírus e bactérias são recomendados. Por exemplo, imunizantes contra a COVID-19 irão evitar que a infecção evolua até causar uma pneumonia.

Além disso, a OMS recomenda um estilo de vida saudável, manter hábitos de higiene como lavar as mãos e parar de fumar para reduzir riscos.