Segundo relatório apresentado ontem (04) pela Organização Mundial da Saúde - OMS, 1 em cada 6 pessoas sofrem da doença no mundo. A OMS define infertilidade como uma doença do órgão reprodutor masculino ou feminino, quando não se chega a uma gravidez depois de um ano de relação fixa e sem uso de preservativos. A conclusão foi obtida depois de uma análise de 133 estudos.
O problema é parecido entre países de alta renda (17,8%) e países de baixa renda (16,5%), o que mostra que esse é um problema de saúde global. Os especialistas reforçam ainda que a doença é comum entre os sexos. A mensagem que a infertilidade é uma doença predominantemente feminina é errônea e lamentável que existem países que apontem a doença para as mulheres de forma desproporcional.
Na Malásia, por exemplo, baseado em dados de análises de esperma do Conselho Nacional de Desenvolvimento da População e Família (LPPKN), descobriu-se que cerca de 60% dos testes realizados mostram resultados anormais. O conselho segue com investigação no país para entender o baixo nível das taxas de natalidade da região.
Altos custos
Apesar da magnitude do problema, os altos custos inviabilizam tratamentos e prevenção. Muitas famílias acabam se endividando na esperança de conseguir resultados mais rápidos. Cerca de 15% dos casais nos Estados Unidos sofrem de infertilidade. Destes, 20% dos casos são decorrentes de problemas que se relacionam exclusivamente ao lado masculino.
No Brasil, um ciclo de fertilização pode custar mais de R$ 20 mil. Diante deste cenário a OMS cobra políticas públicas que apoiem quem sofre da doença. A maioria dos planos de saúde não cobre o tratamento de fertilização in vitro - FIV, este também não faz parte da tabela de procedimento cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), embora alguns hospitais públicos do país ofereçam o tratamento e recebam repasses do SUS.
Existem poucos hospitais públicos com os serviços de fertilização in vitro - FIV, mas somente alguns oferecem a fertilização totalmente gratuita, os demais cobram valores relativos a medicamentos ou procedimentos. A demora por um plano de tratamento na rede pública pode levar até 3 anos de espera. Além de uma série de critérios pré estabelecidos, como por exemplo, limite de idade para as mulheres até 37 anos de idade, estar devidamente credenciadas no SUS.
Alguns planos existentes hoje no Brasil, podem ajudar muito na redução de custos em consultas, exames laboratoriais entre outros. A SecureCard um cartão multibeneficios que concede descontos em consultas médicas, exames laboratoriais e até cirurgias eletivas em mais de 6000 pontos credenciados no Brasil.
Ansiedade e depressão
Consequências enormes podem ser desenvolvidas por quem sofre da doença como ansiedade e depressão, em casos mais graves chegando a violência doméstica. Fora isso, é comum questionar se a saúde mental também interfere na fertilização. Ainda não é possível afirmar com certeza que existe uma relação direta entre quadros de ansiedade e depressão.Alguns estudos afirmam que essa relação existe, uma vez que situações de estresse produzem mudanças hormonais, tanto nos homens quanto nas mulheres, neles com diminuição de testosterona e nas mulheres na ovulação. Com Isso aconteceria devido a alterações nos níveis de cortisol, de prolactina, de hormônios da tireoide ou de outros hormônios produzidos pela hipófise (uma glândula localizada no cérebro).
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Segundo Alex Araujo, CEO da 4Life Prime - uma das maiores clínicas de saúde ocupacional do país, com o avanço do trabalho feminino em alguns cargos de liderança como gerência, diretoria e executivo é possível observar um alto nível de estresse. "Hoje, no mercado de trabalho, infelizmente, as mulheres são cobradas 2 ou 3 vezes mais do que os homens. Além da cobrança externa, a profissional é pressionada diariamente a mostrar seus resultados e sua capacidade frente ao trabalho exercido", explica.
Pensando nisso, é necessário que as empresas olhem para o colaborador de forma empática e analise sua conduta dentro do ambiente do trabalho. Disponibilizar psicólogos e acompanhamento médico regular é o primeiro passo para entender o que se passa com o colaborador, priorizando assim sua qualidade de vida e a criação de um ambiente de trabalho saudável. Até porque, o estresse pode desencadear inúmeros problemas como dor de cabeça, diarréia, irritabilidade, falta de concentração entre outros.
COVID-19
A COVID-19 pode ter um impacto na fertilidade masculina, segundo uma revisão de estudos conduzida pelo Núcleo de Medicina Baseada em Evidências da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.LEIA MAIS: Estudo: vacinas não causam infertilidade, mas COVID-19, sim
A alteração acontece tanto na contagem de espermatozoides como na queda dos níveis de testosterona, as alterações foram mais acentuadas naqueles que estavam gravemente doentes. Em alguns casos, havia a informação de que os pacientes já tinham filhos, o que afasta a possibilidade de ser um problema anterior à Covid.
A revisão foi feita nas principais bases de dados a partir de mais de 8 mil artigos. Desses, 49 preencheram os critérios dos autores, como apresentar desfechos relevantes, totalizando mais de 3 mil indivíduos.