Alimentar-se adequadamente, ingerindo alimentos que contenham pouco sal, açúcar e gorduras, beber ao menos 2 litros de líquidos, evitar o álcool e o cigarro, praticar atividades físicas e jamais tomar medicamentos sem o devido acompanhamento médico podem aumentar a longevidade e proporcionar uma vida mais saudável. No Dia Mundial de Saúde, nesta sexta (7), especialistas em todo o país estão debatendo formas de buscar qualidade de vida.
"O coração, os rins, os pulmões, o fígado, o estômago, o intestino, todos são órgãos que dependem muito de como nos alimentamos, nos hidratamos e nos movimentamos. Temos visto crescer muito o quantitativo de pessoas adoecendo por doenças que se tornam crônicas, ou seja, duram mais de um ano e demandam cuidados médicos constantes, sobretudo com a população vivendo por mais tempo. Diabetes, câncer e problemas cardiovasculares, como a hipertensão estão entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E muitos deles têm como origem a má alimentação, sobretudo pelo consumo excessivo de sal, açúcar e gorduras e o sedentarismo. Até mesmo o estresse, um forte causador de hipertensão, infarto, entre outros problemas, pode ser aliviado com cuidados básicos de saúde. Hoje, a busca é por viver mais tempo, mas com qualidade de vida, sem doenças", explica a nefrologista Lecticia Jorge, gerente médica da Fresenius Medical Care.
A médica lembra que as mudanças de hábito podem inicialmente parecer mais difíceis, mas depois de algum tempo persistindo e fazendo pequenas mudanças no dia-a-dia é possível se acostumar com uma nova alimentação e também com uma rotina que inclua atividades físicas. "Tudo no início parece estranho, ruim e diferente. Mas temos que perseverar porque nosso corpo se habitua. Por exemplo, quem diminui o açúcar, estranha quando come algo muito doce. O mesmo ocorre com quem reduz o sal da comida. Se vai a um restaurante e a comida está mais salgada. Não tolera mais. Por isso hoje muitos restaurantes já colocam pouco sal na comida e deixam a gosto de cada um."
"Quem se acostuma a comer pouca gordura, até passa mal, fica com o intestino mais solto, se ingerir algo muito gorduroso. E o mesmo vale para a prática de um exercício. No início é difícil, depois a pessoa não abandona a prática de jeito nenhum porque passa a se sentir muito bem. E quanto a água? Muitas pessoas me dizem que não suportavam beber água e hoje em dia adoram. Tudo é costume!", esclarece.
"Nós, médicos, ensinamos aos pacientes que comer bem é muito simples. Basta alternar nos pratos arroz, feijão, carne, ovo, legumes variados e verduras. E de sobremesa ou nos lanches, ingerir frutas, cereais, leite. O pão pode fazer parte também, desde que haja controle e moderação na quantidade. Se for de farinha integral é melhor ainda. O álcool, por exemplo, tem que utilizado com cuidado, há limites na dosagem. Já o tabaco o correto é jamais fazer uso. Quem segue essas regrinhas básicas, possivelmente já vai viver mais e melhor", disse.
Veja por que a saúde renal importa
A saúde renal ainda é pouco conhecida pela maior parte da população e milhares de pessoas ao redor do mundo morrem por problemas que se iniciam com o mau funcionamento dos rins e que culminam, por exemplo, em derrame cerebral ou infarto. A saúde do rim então é tão importante quanto a do coração, mas muitas pessoas ainda não sabem disso.
E um grande problema é que a doença renal é silenciosa, nem sempre aparecem sintomas e a doença vai progredindo até os rins pararem completamente de exercer suas funções principais, que são filtrar substâncias nocivas do sangue que fazem mal ao organismo, retirar excessos de líquidos e equilibrar a pressão arterial, produzir os hormônios que protegem os ossos e participar da produção de glóbulos vermelhos, que evitam a anemia.
Muitas pessoas ainda conseguem controlar o problema com remédios, mas algumas atingem a etapa final da doença. Estima-se que cerca de 10% da população mundial tenha algum problema renal, com o rim filtrando menos do que o normal. De 2005 a 2021, o número de pacientes em diálise crônica no Brasil mais que dobrou, passando de 65 mil para 144 mil, segundo o censo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
Lecticia Jorge ressalta que hoje a população se expõe a vários fatores simultâneos que podem trazer prejuízos aos rins. "As pessoas estão consumindo muito sal, sobretudo com alimentos industrializados, que contém sal como conservantes, outros contém muito açúcar e gorduras. Elas bebem pouca água, tomam muitas bebidas prontas açucaradas, fazem muito uso de bebidas alcoólicas, tomam medicamentos à vontade e não praticam atividades físicas, além de viverem constantemente sob o estresse. Tudo isso prejudica a longevidade delas. E os idosos, que sentem mais dores, são os mais afetados em seus rins e fígado com esse costume de tomar medicamentos em excesso. É preciso mais cautela e acompanhamento médico."