Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Indiana (EUA) desenvolveram um exame que permite diagnosticar a ansiedade. O teste, feito por meio da coleta de sangue, examina biomarcadores capazes de identificar o risco de alguém desenvolver estresse pós-traumático (TEPT), a gravidade do quadro atual e quais as melhores abordagens terapêuticas para o tratamento.





A presença de algumas substâncias na corrente sanguínea — chamadas biomarcadores — pode dar pistas sobre pessoas mais propensas a desenvolver o transtorno. Na Universidade da Califórnia em San Diego, estudiosos utilizaram amostras de sangue de marines americanos que serviram em campos de batalha para buscar essas marcas.

Embora o termo transtorno do estresse pós-traumático tenha sido cunhado apenas na década de 1980, desde a Primeira Guerra Mundial, psiquiatras e médicos notaram que os combatentes voltavam das trincheiras com sintomas persistentes de trauma. 

Hoje, sabe-se que, entre os soldados, os percentuais do transtorno são maiores que na população em geral – nos Estados Unidos, o Departamento de Assuntos de Veteranos calcula que 30% dos que lutaram no Vietnã sofrem de TEPT, problema que atinge 20% dos soldados que estiveram no Afeganistão e no Iraque.





Na pesquisa, os cientistas coletaram amostras de sangue antes e depois de cerca de 1 mil marines serem mandados para as zonas de conflito. No exame daqueles que desenvolveram o transtorno, foram identificadas substâncias associadas à produção de interferon, uma proteína responsável por desencadear a resposta imunológica do organismo, indicando que o sistema imune de indivíduos mais propensos ao TEPT responde ao trauma de forma diferente.

“Os resultados podem ajudar a desenvolver abordagens mais precisas para o diagnóstico e o tratamento de pessoas com transtorno pós-traumático”, diz Christopher Baker, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego que conduziu o estudo. 

“A ideia é termos indicadores para prevenção precoce e tratamento do TEPT já avançado. Quem sabe pensar em terapias que impeçam um novo episódio do transtorno em pessoas que são propensas?”, cogita. 

O pesquisador esclarece, contudo, que o experimento foi feito com um número muito pequeno de participantes e precisa ser repetido antes que as conclusões sejam definitivas.

A descoberta poderá ajudar a evitar as consequências de quadros como o estresse pós-traumático, que, muitas vezes, ocasiona ataques de pânico, passíveis de serem confundidos com ataques cardíacos, e encaminhar os pacientes para um tratamento mais adequado a cada perfil.

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