Avanço tecnológico e treinamento cada vez mais personalizado são os principais fatores quando o assunto é atividade física. Prova disso é o resultado da pesquisa “Worldwide Survey of Fitness Trends”, realizada pelo American College of Sports Medicine (ACSM), e publicada todos os anos, há quase duas décadas, com o objetivo de apontar quais exercícios serão tendência mundial.
A entidade é uma das mais respeitadas do mundo e conseguiu refletir, na pesquisa, em 2023, uma mudança no comportamento das pessoas, afetadas pela COVID: a academia em casa e, consequentemente, o treinamento online. O hábito, que ficou em segundo lugar em 2022, despencou para a 13ª posição.
Entre as principais tendências mundiais, destacam-se a tecnologia wearable, que corresponde aos relógios inteligentes que monitoram frequência cardíaca, calorias, tempo de sono ou sentado; o treinamento de força com pesos livres, treinamento com pesos corporais; programa fitness para idosos; treinamento funcional; atividades ao ar livre; HIIT – treinamento intervalado de alta intensidade; exercício para perda de peso; profissionais de fitness certificados e treinamento pessoal.
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Além deles, nesta lista estão inclusos o treinamento de core, tronco e costas; em circuito; academia em casa; em grupo; exercício como remédio (prescrição de atividades físicas feitas por médicos), medicina do estilo de vida (adoção de hábitos saudáveis); yoga; licenciatura para profissionais de fitness; coaching de saúde e os aplicativos (apps).
No Brasil, os líderes foram o treino com personal, exercícios para perda de peso, programa de exercícios para idosos, treinamento funcional e treino com peso do próprio corpo.
De acordo com Daniel Oliveira, ortopedista especializado em coluna vertebral, apesar de ser projetada para ajudar e apoiar o setor de saúde e fitness a tomar decisões de programação, a pesquisa mostra também que tiveram algumas mudanças no comportamento das pessoas com relação às atividades físicas e cuidados com a saúde em geral.
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“Os pacientes estão investindo mais em si mesmos e pensando no autocuidado. O que antes parecia luxo e que, durante a pandemia, só podia ser feito de forma online, hoje, é algo considerado muito importante para que o aluno execute os exercícios de forma correta e se sinta motivado, de alguma forma, a comparecer às aulas. Os idosos também são outro exemplo. Foram muito afetados mental, física e socialmente, e isso acendeu um grande alerta de cuidado para com essa faixa etária. O objetivo é cuidar deles como um todo.”
NÃO AO SEDENTARISMO
Até mesmo o fato de pacientes estarem, de alguma maneira, buscando exercícios para perda de peso, também remete, segundo Daniel, a uma mudança de postura com relação ao estilo de vida sedentário.
“Os exercícios funcionais, que usam atividades que aprimoram nosso corpo para realização de um esporte ou de movimentos e funções do dia a dia, como agachar, correr, sentar, pular, empurrar ou carregar um objeto, também dão sinais de que mais pessoas estão buscando qualidade de vida e melhores formas de envelhecer.”
Entre os benefícios da prática regular de exercícios, o profissional cita que eles aumentam os níveis de energia, são essenciais para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, reduzem o risco de desenvolver doenças crônicas, diabetes, cânceres, problemas cardíacos, além de fortalecer nossos músculos e ossos e melhorar nosso humor e saúde mental.
Uma das tendências para 2023, mundialmente, é o treinamento de core, costas e tronco. A pandemia foi responsável por outra “pandemia” - a da dor nas costas. Exercitar essa região, além do fortalecimento muscular e dos benefícios para a postura, alonga e alivia a pressão sobre a coluna, aumentando a amplitude do corpo. O treinamento é recomendado para combater a má postura, dores lombares e cervicais, insônia e sedentarismo.
Quando o assunto é avaliação física médica antes de começar a praticar qualquer atividade, o ortopedista Daniel Oliveira, especializado em coluna vertebral, ressalta que ela ajuda na identificação de limitações físicas e biológicas do paciente, além de conseguir identificar patologias.
CONSIDERADO REMÉDIO
“Vale ressaltar que, como parte dessas tendências, o exercício é visto como remédio. Os médicos e profissionais da saúde, mais do que nunca, estão prescrevendo atividades físicas para as pessoas. Elas não são indicadas para quando o paciente já apresenta algum problema. É uma forma de fazer com que o indivíduo mude de vida antes de precisar de remédios.”
Elas devem começar a ser praticadas e incentivadas desde os primeiros anos de vida. O ortopedista pontua que as propostas para bebês devem ser muito simples e leves, e são basicamente o incentivo à movimentação e à interação com o meio.
"Quanto antes a criança assimilar que a atividade física é algo positivo e que faz parte do seu dia a dia, mais fácil será permanecer com esse hábito ao longo da vida. A recomendação da OMS é que pessoas de 5 a 17 anos devem acumular ao menos 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada a alta. A ideia é atingir essa meta realizando atividades distribuídas em períodos menores durante o dia (30 minutos pela manhã e mais 30 à tarde, por exemplo).”
Para os adultos na faixa dos 18 aos 64 anos, a atividade física inclui lazer (como passeios, dança, jardinagem ou natação, por exemplo), locomoção (caminhar ou pedalar), tarefas ocupacionais (trabalho em si), domésticas, jogos, esportes ou exercício planejado. Uma rotina ativa é recomendada para aprimorar a saúde cardiorrespiratória, muscular e óssea, reduzindo a incidência de doenças crônicas não transmissíveis e depressão.
A recomendação é fazer pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de atividades de alta intensidade, também sendo possível combinar os dois tipos de exercícios para chegar a uma “média” mínima dentro desses parâmetros. “Para que o paciente tenha mais benefícios, é possível aumentar a quantidade de atividade aeróbica moderada e de alta intensidade, além de realizar atividades que estimulem o fortalecimento muscular”, acrescenta Daniel Oliveira.