Em sua caminhada acadêmica, o médico José Crippa publicou mais de 500 artigos em revistas, tem mais de 18.800 citações pelo Brasil e por todo mundo. Além de uma vasta experiência na área acadêmica, seu nome é referência internacional em pesquisa de ponta relacionada ao CBD. Atualmente, ele é consultor da Ease Labs, empresa de soluções voltadas para o setor de cannabis e produtos naturais. Sua principal área de pesquisa é a psiquiatria, com foco em neuroimagem e psicofarmacologia, atuando principalmente nos seguintes temas: CBD medicinal, ansiedade social, instrumentos de avaliação em psiquiatria e interconsulta psiquiátrica.
Professor titular do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), José Alexandre Crippa foi professor honorário do Institute of Psychiatry of London, da University of London até 2010.
É psiquiatra e neurocientista, dedicado a produzir conhecimento em transtornos neuropsiquiátricos e em neuropsicofarmacologia, que beneficia pacientes e familiares, bem como a formar novos clínicos e pesquisadores na área.
Crippa tem uma vasta pesquisa sobre o canabidiol em diversos diagnósticos. Em sua caminhada como professor universitário se dedicou a desenvolver e compartilhar conhecimento cultural e científico através de aulas, palestras, cursos e pesquisas de ponta.
Quais são os principais benefícios do uso do canabidiol na saúde?
Os tratamentos com uso de canabinoides, como o canabidiol, têm surgido como uma possibilidade terapêutica com grande impacto em diversas patologias. Os benefícios com uso de canabidiol são diversos, como:
» Tratamento de patologias com o controle ainda parcial: na epilepsia por exemplo, apesar de todo o arsenal terapêutico disponível, pacientes ainda apresentavam um controle regular das crises convulsivas. Poder adicionar uma nova droga possibilitou um melhor controle de crises com consequente melhora na qualidade de vida, mesmo em quadros refratários e resistentes.
» Efeitos colaterais leves e autolimitados: de modo geral, o uso do canabidiol tem efeitos colaterais favoráveis e, quando acontecem, são bem tolerados pela maioria dos pacientes, diferentemente de diversas outras drogas com ação no sistema nervoso central.
» Uma substância é capaz de tratar duas ou mais condições: pelo seu efeito complexo, com uma mesma substância, podemos tratar diversas patologias e sinais e sintomas destas condições.
Como têm sido os resultados desse uso e no combate a quais doenças?
Os resultados com canabidiol são extremamente animadores, principalmente quando falamos de doenças crônicas, as quais uma parcela expressiva de pacientes já teve diversas tentativas de tratamento. Em um dos grandes estudos na epilepsia, por exemplo, o uso do canabidiol promoveu uma redução pela metade do número de crises convulsivas em mais de 40% dos pacientes, sendo uma esperança em portadores dessas crises, de difícil controle. Além disso, pesquisas científicas com transtornos ansiosos, humor, doença de Parkinson, dependências de drogas, transtornos do espectro autista, burnout, transtornos do sono, entre outros, também demonstraram efeitos benéficos iniciais com o uso do canabidiol.
Como a comunidade médica e os pacientes têm recebido essa ampliação do uso de canabidiol?
Inicialmente, houve uma certa desconfiança, tanto pelos pacientes como pelos profissionais. Porém, atualmente a expectativa da comunidade médica acerca do uso do canabidiol é cada vez maior, assim como a necessidade crescente de estudos documentados e reforçando a cada dia os benefícios dessa modalidade de tratamento. O maior número de trabalhos científicos, estudos controlados, registro pelas agências reguladoras, assim como o acesso a informações de qualidade reforçam a segurança e o interesse da comunidade médica na prescrição dos canabinoides.
Em que formatos são os medicamentos utilizados no Brasil (óleo, cápsula)?
Atualmente, os órgãos reguladores autorizam somente a via oral como via de administração do canabidiol. Os produtos são disponibilizados em formato de solução/gotas, que facilitam a titulação e dosagem durante o tratamento, são os mais usados no momento, embora as cápsulas já sejam comercializadas no exterior.
Esse uso tem efeito colateral? Algum limite de faixa etária ou algum impedimento?
Os efeitos colaterais usualmente são leves e passageiros, e incluem náusea, sensação de boca seca ou alteração do hábito intestinal, por exemplo. Contudo, grande parte desses sintomas reduzem ou cessam após o início do tratamento. Os médicos prescritores devem-se atentar principalmente ao controle das enzimas hepáticas e ao uso concomitante de outras medicações – como sedativos e anticoagulantes – para ajuste de doses, e o uso do canabidiol em gestantes ou durante a amamentação. O uso da substância é liberado a partir de 1 ano de idade, conforme autorização do Food and Drugs Administration (FDA) para o canabidiol 100mg/ml, nos Estados Unidos.
*Para comentar, faça seu login ou assine