Segundo estudo realizado na Escola de Enfermagem da UFMG, mais de um quarto (27,4%) das crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto. O dado segue os parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O estudo também constatou que um a cada cinco adolescentes no Brasil apresentam alteração no colesterol LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Para a pesquisa, foram analisados 800 artigos, uma amostragem de todas as regiões brasileiras.
Segundo o pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, Thales Philipe Rodrigues da Silva, um dos autores do estudo, a metodologia utilizada exige ponderação ao analisar os resultados encontrados. “Observamos uma prevalência importante de alteração nos níveis do perfil lipídico. Porém, constatamos resultados muito heterogêneos porque os trabalhos usaram diferentes padrões para estabelecer os níveis de colesterol”, explica.
Thales destaca que a análise dos resultados foi elaborada segundo os parâmetros da SBC e da National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI), dos EUA. “Os parâmetros dos Estados Unidos são mais conservadores. Lá o colesterol é considerado elevado quando está acima de 200. Aqui, o limite é de 190 para adultos e 170 para crianças, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e de Pediatria. Assim, para as referências tradicionais internacionais, a prevalência de colesterol alto atinge 17,22% das crianças e adolescentes, e, para o Brasil, a porcentagem chega a 19,2%."
O pesquisador acrescenta que os resultados reforçam a importância de conhecer os perfis lipídicos das crianças e adolescentes. Ele também destaca a importância de recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria para desenvolver intervenções precoces nesse público, além da promoção de hábitos saudáveis que ajudam a evitar alterações nos perfis lipídicos e suas consequências.
“Diversas condições e aspectos são capazes de alterar o nível de colesterol no sangue, e muitos fatores de risco são modificáveis com mudanças no estilo de vida”, disse Thales. Ele explicou que o alto consumo de alimentos ultraprocessados intensifica o aumento de colesterol. Recomendou, por fim, a prática de exercícios físicos e a redução desse consumo.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.