Um milhão de fumantes na Inglaterra receberão um kit gratuito de cigarro eletrônico como estímulo para que deixem de usar produtos de tabaco. Mulheres grávidas também receberão até 400 libras (cerca de R$ 2,5 mil) para parar de fumar. As iniciativas fazem parte de um pacote de medidas apresentado pelo governo nesta terça-feira (11/4).
O pacote de medidas também inclui uma repressão às vendas ilícitas e a menores de idade.
O governo se comprometeu a reduzir as taxas de tabagismo na Inglaterra para menos de 5% até 2030.
Quase um em cada cinco fumantes na Inglaterra receberá um kit juntamente com uma cartilha comportamental, informou o governo.
'Trocar para parar'
A expectativa é que o ministro da saúde, Neil O'Brien, diga em discurso nesta terça-feira que a política de distribuição gratuita do kit de cigarro eletrônico — apelidada de "swap to stop" ("trocar para parar", em tradução livre) — é a primeira desse tipo no mundo. "Até dois em cada três fumantes ao longo da vida morrerão por fumar. Cigarros são o único produto à venda que pode matar se usado corretamente", diz ele.
Estima-se que 9% das mulheres ainda fumem durante a gravidez na Inglaterra. Segundo o governo, estudos indicam que incentivos financeiros e apoio comportamental podem ser eficazes.
O Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC), órgão vinculado ao Ministério de Saúde, disse que daria detalhes sobre como esse esquema funcionará "no devido tempo". A iniciativa custará 45 milhões de libras e deve ser financiada pelo orçamento de saúde, mas administrado pelas autoridades municipais.
Deborah Arnott, diretora-executiva da ONG Action on Smoking and Health, que conscientiza sobre os malefícios do fumo, disse que políticas como a que será anunciada são "passos bem-vindos na direção certa".
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No entanto, ela alertou que as mudanças "não são suficientes", já que o prazo para a Inglaterra se tornar "livre do fumo" — 2030 — se aproxima.
Em 2019, os ministros se comprometeram a acabar com o tabagismo — definido como taxas abaixo de 5% — até o final da década. Em 2021, a prevalência de tabagismo na Inglaterra era de 13%, a mais baixa já registrada.
Mas uma revisão da meta de 2030, publicada no ano passado, mostrou que demorará pelo menos mais sete anos para a meta ser alcançada, se outras ações não forem realizadas.
Javed Khan, autor da pesquisa, defendeu uma série de novas medidas, incluindo a proibição de fumar em espaços ao ar livre, como praias e cervejarias ao ar livre. Ele também propôs aumentar a idade mínima para comprar produtos de tabaco para 18 anos, em um ano, todos os anos, "até que ninguém possa comprar um produto de tabaco neste país".
O mesmo relatório recomendou a promoção do cigarro eletrônico como alternativa ao tabaco, mas disse que os cigarros eletrônicos não são uma "bala de prata" ou "totalmente isentos de riscos". Embora o governo queira encorajar fumantes adultos a trocar cigarros "convencionais" por eletrônicos, há preocupações com a crescente popularidade dos produtos entre menores de idade.
Números do NHS, o serviço de saúde pública do Reino Unido, divulgados no ano passado revelaram que 9% dos alunos do Ensino Médio usam cigarros eletrônicos regular ou ocasionalmente, incluindo quase um em cada cinco jovens de 15 anos.
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O governo anunciou no início desta semana esforços para reprimir a venda ilegal de cigarros eletrônicos para menores de 18 anos. Uma consulta pública sobre como os jovens podem ser desencorajados a adquirir o hábito também está sendo lançada nesta terça-feira.
Em sua página na internet, o NHS diz que os cigarros eletrônicos se tornaram um meio popular para ajudar usuários a parar de fumar no Reino Unido. "Eles são muito menos prejudiciais do que os cigarros e podem ajudá-lo a parar de fumar para sempre", segundo o órgão.
No entanto, o NHS alerta que eles não são isentos de riscos, embora "representem uma pequena fração do risco de fumar cigarros". "Os riscos a longo prazo dos cigarros eletrônicos ainda não são claros".
Cigarro eletrônico no Brasil
No Brasil, apesar de serem amplamente usados, os cigarros eletrônicos não podem ser comercializados.
Segundo uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2009, é proibida "a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, entre eles o cigarro eletrônico".
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) não são seguros e possuem substâncias tóxicas além da nicotina. Nesse sentido, argumenta que o cigarro eletrônico pode causar uma série de doenças, respiratórias, como o enfisema pulmonar e cardiovasculares, além de dermatite e câncer.
Ainda segundo o INCA, estudos mostram que os níveis de toxicidade podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que muitas vezes apenas mascaram os efeitos danosos.
Leia aqui reportagem da BBC News Brasil, de julho de 2022, que mostrou os riscos dos cigarros eletrônicos, que viraram 'moda' entre jovens e adolescentes. No ano passado, um levantamento mostrou que quase um em cada cinco brasileiros de 18 a 24 anos usaram o cigarro eletrônico pelo menos uma vez na vida, apesar da proibição da Anvisa.