Testes genéticos têm se tornado cada vez mais importantes para identificar mutações genéticas, possíveis causadoras de diferentes tipos de câncer. O exame é feito a partir da coleta de sangue, saliva, fio de cabelo, entre outros materiais, e pode ser realizado pelo próprio paciente em alguns casos. Porém, é sempre importante esclarecer o que os resultados podem significar e que nem sempre o teste genético será a solução de todos os problemas.
Segundo a oncologista e oncogeneticista da Cetus Oncologia, Nara Andrade, o teste genético só é pedido e indicado em pacientes com histórico familiar que leva a crer em alguma alteração genética. "Existem regras para que a gente desenhe a árvore genealógica e para que possamos ver se há ou não evidência de doença genética. Temos 15% a 20% de relação entre alteração genética e câncer, transmitida de geração em geração. É preciso estudar muito bem a família, já que 80% dos casos não têm relação familiar", explica a especialista.
Normalmente, oncogeneticistas são necessários em casos em que há câncer na família ou quando a própria pessoa é diagnosticada com a neoplasia. Para aqueles que já estão com a doença, o teste genético direciona melhor o tratamento. Já as pessoas que possuem casos na família, mas não têm câncer, geralmente obtêm como recomendação o tratamento profilático, para prevenção de um possível desenvolvimento da doença.
Mesmo que ainda pouco difundido para a sociedade como um todo, testes genéticos já são realidade na rede privada e pública de saúde. Em 2021, foi aprovado um projeto, por meio de uma comissão, que obriga o SUS a realizar o teste genético de predisposição ao câncer. Entretanto, nem sempre o problema será resolvido pelo teste, e os pacientes precisam ser muito bem acompanhados.
"Há muitos estudos que defendem o teste genético como algo necessário para a população em geral. Hoje já é uma realidade dentro da oncologia, mas a tendência é que aumente com o passar dos anos; entretanto, acredito que seja necessário um amadurecimento do sistema de saúde", afirma Andrade.
O teste genético para descoberta de câncer pode ser uma ferramenta importante para a prevenção e tratamento da doença. No entanto, é importante lembrar que ele não é a solução definitiva e que os pacientes precisam de acompanhamento médico constante. "Isso não é o passado, é o presente", diz a profissional.