Pessoa coçando o cotovelo

Pessoa coçando o cotovelo

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Os hormônios tireoidianos, ou seja, produzidos pela glândula tireoide, são responsáveis por regular uma variedade de processos fisiológicos no corpo humano, incluindo o crescimento e desenvolvimento celular. O que pouca gente sabe é que essa regulação da proliferação e diferenciação celular é importante para a manutenção da saúde da pele. "Na pele, os hormônios tireoidianos atuam em vários aspectos, como na regulação da proliferação e diferenciação celular, na síntese e degradação de colágeno e elastina e na produção de sebo", explica a nutricionista especialista em oxidologia e bioquímica celular, com aperfeiçoamento em medicina biomolecular, regenerativa e anti-aging, sócia-fundadora da Clínica Soloh de Nutrição, Patrícia Soares Alves Lara.

Conforme relata a nutricionista, os hormônios tireoidianos estimulam a proliferação de queratinócitos, células que compõem a camada externa da pele, e também promovem a diferenciação dessas células em queratinócitos maduros. "Isso ajuda a manter a integridade da barreira cutânea e protege a pele contra o ressecamento e a perda de água".

Patrícia Lara explica ainda que os hormônios tireoidianos influenciam a síntese e degradação de colágeno e elastina, que são componentes importantes da matriz extracelular da pele, ou seja, impactam também na aparência de uma pele mais jovem ou envelhecida. "A produção adequada de colágeno e elastina é fundamental para manter a elasticidade e a firmeza da pele, enquanto baixos níveis de hormônios tireoidianos podem levar a uma diminuição na síntese dessas proteínas, o que resulta em flacidez e enrugamento da pele".

De acordo com a nutricionista, esses hormônios também afetam a produção de sebo, uma substância oleosa produzida pelas glândulas sebáceas na pele. "O excesso de sebo pode levar a condições de pele como acne e seborreia, enquanto a falta dele pode resultar em pele seca e escamosa. Baixos níveis de hormônios tireoidianos podem afetar negativamente a aparência e saúde da pele".

Coceira ligada à tireoide

O hipotireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide não produz hormônios suficientes para regular o metabolismo do corpo. Conforme explica Patrícia Lara, várias funções do organismo podem ser afetadas. "Quando o hipotireoidismo não é tratado, pode ocorrer uma série de problemas de pele, incluindo coceira".

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De acordo com a nutricionista, a causa exata do prurido associado ao hipotireoidismo não é completamente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada a alterações na função das glândulas sebáceas e do suor, que estão sob o controle dos hormônios tireoidianos.

Ela aponta ainda que a pele pode ficar mais seca e áspera devido à redução na produção de sua oleosidade natural, resultando em coceira e descamação. "A coceira também pode ser um sintoma de outras condições associadas ao hipotireoidismo, como a doença de Hashimoto, uma doença autoimune que afeta a glândula tireoide".

Segundo Patrícia Lara, o tratamento do hipotireoidismo envolve a reposição dos hormônios tireoidianos que o corpo não está produzindo adequadamente. "Pode melhorar a saúde da pele e aliviar a coceira. No entanto, se a coceira persistir ou piorar após o tratamento, é importante a consulta médica individualizada para avaliar outras possíveis causas".

Nutrientes importantes para a tireoide

Conforme esclarece a nutricionista, a formação dos hormônios tireoidianos requer a presença de iodo e tirosina, dois nutrientes importantes para a síntese desses hormônios. "O iodo é essencial para a produção de hormônios tireoidianos, sendo incorporado à tirosina para formar as moléculas dos hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). A deficiência de iodo pode levar a uma diminuição na produção de hormônios tireoidianos, o que pode resultar em hipotireoidismo".

Ela elucida ainda que a tirosina é um aminoácido necessário para a síntese de proteínas, mas também é um precursor dos hormônios tireoidianos. "A tirosina é combinada com o iodo para formar os hormônios tireoidianos T3 e T4. A deficiência de tirosina também pode afetar a produção de hormônios tireoidianos e, portanto, a função tireoidiana geral".

Patrícia Lara ressalta a importância da alimentação nesse processo, e enumera algumas das fontes alimentares que contêm o aminoácido tirosina:

- Carne vermelha: carnes bovinas, suínas e de cordeiro

- Peixe: salmão, atum, truta e bacalhau

- Ovos

- Laticínios: leite, queijo e iogurte

- Nozes e sementes: amêndoas, amendoins, castanha de caju, sementes de girassol e sementes de abóbora

- Leguminosas: feijões, lentilhas, grão-de-bico e ervilhas