Tratada por muitos simplesmente como uma “vertigem” ou “mal-estar passageiro”, a tontura pode ser um indicativo de mais de 60 enfermidades, além de um sintoma bastante presente na população brasileira, especialmente entre os idosos. Estudos da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) indicam que 45% dos idosos convivem com o problema.
Outro dado relacionado ao tema que chama atenção é o elevado percentual de moradores da capital paulista que admitem sentir desconfortos associados à perda de equilíbrio ou instabilidade corporal: 42%, segundo pesquisa recente publicada pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. O número é mais que o dobro da média global (entre 15% e 20% da população), conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essas estatísticas têm sido acompanhadas com atenção pela comunidade médica brasileira, que reforça a necessidade de conscientizar as pessoas sobre a importância do diagnóstico adequado. O assunto, a propósito, é tema de uma campanha nacional, nominada de “Mês da Tontura”, que ocorre sempre em abril, com apoio de hospitais e associações médicas presentes em todo o território nacional.
O objetivo é justamente chamar a atenção do público sobre as doenças que estão associadas ao sintoma - que, embora seja comum, jamais pode ser ignorado: ""Muita gente tem o entendimento equivocado de que a tontura está sempre associada à labirintite, mas há dezenas de outras anomalias que também estão relacionadas", alerta o otorrinolaringologista Ricardo Schaffeln Dorigueto, coordenador do Setor de Otoneurologia do Hospital Paulista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
Ricardo Schaffeln Dorigueto explica que algumas causas da tontura necessitam de tratamento medicamentoso ou hospitalar imediato e podem ser de difícil diagnóstico. É o caso dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), assim como o de doenças inflamatórias do cérebro, tumores, hemorragias, carências nutricionais e diferentes tipos de câncer.
"A detecção da causa da tontura depende muito do entendimento dos sintomas. A história clínica do paciente deve ser minuciosamente avaliada. Cada caso tem a sua particularidade, por isso, o tratamento é feito pelo médico após o diagnóstico e deve ser individualizado, podendo incluir medicações, mudanças comportamentais, tratamentos de reabilitação e manobras específicas", observa o otorrinolaringologista.
Entre os recursos mais utilizados para o diagnóstico estão exames de sangue e de imagem, além de testes vestibulares (do labirinto), auditivos e do equilíbrio corporal (Posturografia). Essa última funciona por meio de uma plataforma pela qual o paciente e%u0301 posicionado para a realização de provas, que contam com estímulos visuais e jogos em um monitor de TV ou projetor. Por meio destes estímulos, é possível diagnosticar qual a área ou as áreas eventualmente afetadas.
No que refere idosos, especificamente, Dorigueto recomenda atenção especial aos sintomas de tontura: "Além de ser o público mais numeroso no que se refere à incidência de tontura, é também o mais vulnerável com relação aos efeitos do sintoma. Por isso, devem ser observados com atenção redobrada”, finaliza o médico.
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