A menopausa é uma fase natural da vida de toda mulher, mas pode ser acompanhada por sintomas desagradáveis que afetam sua qualidade de vida. Segundo a OMS, cerca de 1 bilhão de mulheres passarão pela menopausa em um futuro próximo, e muitas evitam procurar ajuda médica para lidar com os sintomas, que chegam a durar até 30 anos.
No entanto, há esperança para aliviar esses sintomas. Uma pesquisa recente, realizada pela médica especialista em nutrologia Patrícia Rosany Santiago e pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, revelou que a terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser uma opção segura e eficaz para tratar características incômodas da menopausa, como ondas de calor, suores noturnos, secura vaginal, declínio cognitivo e perda de memória.
É importante notar que a TRH deve ser iniciada precocemente, na perimenopausa, ou seja em média aos 45 anos ou mais, podendo oferecer proteção cardiovascular, melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de fraturas ósseas. A perimenopausa é um período de transição entre a idade fértil e a menopausa, em que a ovulação deixa de existir por completo. Ela pode causar sintomas físicos e afetar o desenvolvimento sexual e reprodutivo das mulheres devido à baixa concentração de estrogênio.
Os hormônios estrogênios desempenham um papel fundamental no desenvolvimento sexual e reprodutivo das mulheres, incluindo a preparação do corpo para a gravidez e o parto. O grupo inclui três hormônios: estrona, estradiol e estriol, sendo o estradiol o mais comum na idade reprodutiva. Níveis excessivos de estradiol podem levar a problemas como acne, perda de desejo sexual, osteoporose e depressão. Por outro lado, níveis baixos podem levar ao ganho de peso e doenças cardiovasculares. A estrona é uma forma mais fraca de estrogênio, presente após a menopausa, e o estriol é produzido em grande quantidade durante a gravidez.
De acordo com o artigo, estudos científicos têm mostrado que o estrogênio tem efeitos benéficos no cérebro. Uma hipótese sugere que a terapia com estrogênio será mais benéfica se iniciada na perimenopausa, antes que a saúde do cérebro seja comprometida, prevenindo doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer. No entanto, se a terapia com estrogênio for usada quando o cérebro já está afetado pela doença, pode piorar a situação. Em um teste feito com mulheres para verificar como o estradiol afeta o comportamento delas em relação ao medo, foi descoberto que as com menos estradiol tiveram mais dificuldade para superar medos. Isso sugere que o estradiol pode proteger as mulheres do medo reinstaurado.
Pesquisadores sugerem uma associação importante entre esse hormônio e as funções cerebrais, o que pode ajudar a compreender melhor as mudanças funcionais no cérebro que ocorrem durante essa fase da vida das mulheres.
Além dos hormônios, o uso de terapias complementares e alternativas para tratar sintomas da menopausa se tornou mais popular, mas ainda há preocupações sobre sua eficácia e segurança. Técnicas de relaxamento não mostraram benefícios na frequência e gravidade dos afrontamentos, mas a terapia cognitivo-comportamental mostrou maior impacto. Produtos naturais como isoflavonas de soja e cohosh negro tiveram resultados inconsistentes em estudos, com o cohosh negro sendo preocupante em relação à hepatotoxicidade.
Quanto à progesterona, os pesquisadores possuem dificuldade em determinar os efeitos clínicos, especialmente em mulheres menopausadas, pois há poucas informações da aplicação isolada.
No entanto, é importante citar que a terapia hormonal deve ser bem avaliada, pela possibilidade de piorar o prognóstico de pacientes que já possuem câncer de mama, endométrio e doenças cardiovasculares. Sendo contraindicado para esses pacientes. É crucial discutir com um profissional de saúde se a terapia hormonal é uma opção viável para tratar os sintomas da menopausa e quaisquer preocupações de saúde existentes, já que a administração prolongada da TRH tem informações desencontradas divulgadas nas últimas décadas. Cada mulher tem sua própria condição médica, e é necessário avaliar individualmente se a terapia hormonal é apropriada e segura para cada caso, devido aos efeitos variáveis da terapia com estrogênio em diferentes pessoas.
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