Você sabe como funciona uma terapia infantil e quando ela é necessária? Assim como os adultos, as crianças também precisam cuidar da saúde mental. Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e mestre em distúrbios do desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que a diferença é que o processo terapêutico infantil funciona a partir de métodos lúdicos como brincadeiras, desenhos e uma linguagem adequada e compreensível aos pequenos para tratar de assuntos importantes como o problemas emocionais, comportamentais e de desenvolvimento. Isso é terapia infantil.
Geralmente, destaca Helen Mavichian, a primeira sessão ocorre com os responsáveis buscando coletar informações importantes, dados e possíveis queixas e demandas principais: "As sessões podem ser feitas de forma individual ou em conjunto com os pais ou responsáveis, depende de cada caso. O profissional sempre dará o suporte necessário para que a família saiba como lidar com as questões em casa, na escola e em todos os ambientes de convivência da criança".
A terapia pode dar início a uma fase muito importante na vida de uma criança. Helen Mavichian conta que ela "pode ser aplicada para que aprendam a lidar com dificuldades de aprendizado, separação dos pais, inseguranças, ansiedades, medos, nascimentos de um novo irmão ou irmã, luto, transtornos como TDAH, comportamentos agressivos, problemas de relacionamento, traumas e assim por diante".
Por isso, a cada dia que passa, torna-se mais comum encontrar crianças que fazem terapia semanalmente ou quinzenalmente: "Isso ocorre não só porque distúrbios como ansiedade e depressão infantil estão aumentando, mas porque é justamente durante a primeira infância que as emoções humanas se desenvolvem e nutrem a personalidade de uma criança", enfatiza a psicoterapeuta.
Como funciona a terapia cognitivo comportamental?
Helen Mavichian explica que a terapia cognitiva comportamental infantil é uma das possíveis abordagens que um psicólogo pode aplicar para atender o seu público: "É uma abordagem bastante reconhecida pela classe de psicólogos modernos e bastante utilizada por terapeutas durante o tratamento com diferentes públicos, incluindo as crianças. Surgiu nos anos 1960 em estudos do psicólogo Aaron Beck que buscou entender a influência da cognição sobre as emoções, comportamentos e sentimentos que, consequentemente, ajudava a identificar possíveis transtornos em seus pacientes".
A psicoterapeuta afirma que essa terapia funciona como um processo de desenvolvimento das habilidades socioemocionais e comportamentais da criança, ajudando-a a lidar com o turbilhão de sentimentos desenvolvidos por meio de estímulos familiares, escolares e mesmo midiáticos: "O processo terapêutico trabalha essas situações, a partir da compreensão de que não são os eventos que presenciamos que influenciam diretamente no comportamento das crianças, mas sim a forma como os pacientes encaram e interpretam esses momentos. Com essa compreensão, o trabalho do terapeuta é entender as influências dos pensamentos em relação às emoções e os comportamentos dos pequenos".
No consultório, por vezes, chegam crianças com questões relacionadas a como elas interpretam os eventos que acontecem e o que elas têm internalizado a respeito disso, de suas emoções e como se sentem. Por isso, é importante que o terapeuta entenda o que precisa ser trabalhado, ou seja, quais são os comportamentos que estão sendo repetidos, como as crianças lidam com as suas próprias emoções, em que situações surgem esses comportamentos, entre outros aspectos importantes.
Além disso, lembra a psicoterapeuta, na TCC é essencial que o vínculo terapêutico seja estabelecido com a criança: "Às vezes tendemos a pensar que a criança não entende muito sobre estabelecer conexões, porém elas são muito sensíveis quanto a isso. Estabelecer um vínculo forte e agradável é necessário no processo terapêutico infantil, faz com que a criança confie no terapeuta e se sinta mais à vontade para falar sobre seu dia, seus amigos, rotina e até mesmo seus medos, angústias e desejos. Durante o processo com as crianças, os pais são grandes aliados, ajudando em todo o percurso, observando os contextos em que a criança está inserida e quais têm sido as reações dela".
Helen Mavichian alerta que, se o seu filho ou filha está passando por esses desafios e não sabe por onde começar é válido buscar ajuda terapêutica: "Esse processo com certeza irá melhorar a saúde mental da criança, podendo auxiliar na melhoria do rendimento escolar, diminuir a ansiedade e ampliar os recursos que a criança tem para lidar com situações desafiadoras. Aos poucos, os avanços serão percebidos pelos adultos que convivem com a criança e isso fará com que ela se sinta ainda mais amada e acolhida".
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