Uma vacina de RNA mensageiro (mRNA) experimental causou uma resposta imune robusta e duradoura em um pequeno grupo de pacientes de câncer pâncreático, considerado de alta letalidade. No estudo de fase 1, feito com 16 pessoas, a substância ativou, em metade delas, poderosas células do sistema imunológico, chamadas T. Essas estruturas foram capazes de reconhecer o tumor específico de cada paciente. A tecnologia é a mesma dos imunizantes contra covid-19 de base genética.
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Balachandran detalha que, depois que um paciente tem um tumor pancreático removido cirurgicamente, ele é sequenciado geneticamente para procurar mutações que produzam as melhores proteínas neoantígenas — aquelas que parecem mais estranhas ao sistema imunológico. A vacina é fabricada com mRNA específico para essas proteínas no tumor do paciente.
Medicamento
Enquanto a vacina está sendo produzida, a pessoa recebe uma dose única de um medicamento que, segundo o médico, pode funcionar em conjunto com a substância, para aumentar as respostas imunes. Com as células T em alerta máximo para destruir as que carregam as proteínas específicas, o câncer pode ter uma chance menor de retornar.
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"A esperança é de que a vacina reduza o risco de recidiva do câncer após a remoção cirúrgica do tumor principal", explica o médico. Os resultados iniciais sugerem que a abordagem é eficaz. No estudo, metade dos pacientes — aqueles que responderam ao tratamento — apresentaram recorrência tardia da doença, sugerindo que as células T ativadas pelas vacinas podem estar tendo o efeito desejado — manter o tumor sob controle.
"Esses resultados empolgantes indicam que podemos usar vacinas como terapia contra o câncer pancreático", acredita Balachandran. "As evidências apoiam nossa estratégia de adaptar cada vacina ao tumor de cada paciente", enfatiza.
Um ensaio clínico randomizado maior deve ser aberto envolvendo pacientes em diversos países por volta de julho. A descoberta de Balachandran foi financiada pelos laboratórios Genentech e BioNTech.
"O resultado do estudo mostra que estamos no caminho. As vacinas estimularam muitas células T, capazes de se manterem ativas até dois anos depois do tratamento mesmo que os pacientes recebessem quimioterapia após a vacinação", relata o cirurgião.
"Em um acompanhamento médio de 18 meses, nos pacientes com essas células T expandidas pela vacina, os cânceres não voltaram. Por sua vez, os cânceres voltaram aproximadamente 13 meses após a cirurgia em pacientes onde as vacinas não expandiram as células T", ressalta.
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