Muito se fala sobre a importância da vacinação infantil, mas pouco sobre a necessidade de manutenção da proteção ao longo de toda a vida. Com isso, a taxa de cobertura vacinal de adultos e idosos, que sempre foi muito baixa, vem diminuindo mais a cada ano, principalmente depois da pandemia de COVID-19. Antes do coronavírus, o índice chegava a mais de 75%. Em 2020, caiu para 66%, em 2021, para 58% e, em 2022, para 57%, segundo o Ministério da Saúde (MS). 


Apesar das constantes campanhas de vacinação, a meta de 90% ainda está longe de ser alcançada. Isso acontece porque muitos adultos e idosos não sabem que é preciso dar continuidade a algumas doses de reforços e que existem proteções específicas para eles. Para ajudar a desmistificar a vacinação nesse grupo, Juliana Oliveira da Silva, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e do Centro de Vacinação do Hcor, esclarece as principais dúvidas sobre o tema. 




Não tenho mais a carteira de vacinação, não posso me vacinar: mito.

A carteira de vacinação tem por objetivo o registro das doses de vacinas recebidas durante a vida. Na ausência do documento ou de registros no sistema, é possível ser vacinado. Neste caso, são seguidas as orientações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em relação às vacinas indicadas para a idade e às doses recomendadas de cada imunizante.
 

As vacinas previnem não só vírus, mas bactérias também: verdade.

Além da proteção contra os vírus e bactérias em grande circulação, as vacinas também podem prevenir mais de 20 enfermidades e evitam que doenças erradicadas, como a poliomielite, voltem a afetar a população.

Não existem vacinas específicas para adultos: mito.

Atualmente, existem vacinas específicas para indivíduos acima de 50 anos, como a contra a Herpes Zoster recombinante, que leva em consideração os riscos que a população nessa faixa etária tem para o desenvolvimento da doença. Além dela, há a indicação da vacina Influenza tetravalente de alta concentração para pessoas com mais de 60 anos, que possui uma quantidade maior de antígenos necessária para melhor resposta imune. Para indivíduos de até 45 anos, homens ou mulheres, recentemente foi incorporada a vacina HPV nonavalente, que traz proteção contra diversos tipos de cânceres, como o de colo de útero, vagina, pênis e de orofaringe. 




As vacinas dos postos de saúde são piores que as do sistema privado: mito.

As redes pública e privada usam vacinas de boa qualidade, seguras, e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A diferença é que as vacinas da rede pública são determinadas para algumas faixas etárias e protegem a população contra os principais vírus e bactérias, enquanto que, na rede privada, elas são mais abrangentes, contemplam mais cepas de vírus e podem requerer menos doses para imunização. 

Leia também:  Gripe: todos com mais de 6 meses podem se vacinar a partir desta segunda.

Vacinas evitam mortes: verdade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2 e 3 milhões de mortes podem ser evitadas anualmente com o calendário vacinal completo. A vacinação é a maneira mais eficiente e segura de prevenir infecções e complicações de doenças de base.
 

compartilhe