Sabe-se que o organismo, em sua dinâmica natural de funcionamento, possui sistemas de regulação que mantém o pH sanguíneo em equilíbrio. Em seu estado ideal, nosso sangue é ligeiramente alcalino, com pH entre 7,35 e 7,45, e órgãos como os rins, pulmões e outros mecanismos de tamponamento promovem o equilíbrio do pH. O que nem todo mundo sabe é que o consumo excessivo de alimentos ácidos pode sobrecarregar esses sistemas e levar a um desequilíbrio no pH do sangue, de acordo com o nutricionista Felipe França, especialista em oxidologia e bioquímica celular, e sócio-fundador da Clínica Soloh de Nutrição.
"Algumas escolhas alimentares e estilos de vida podem acidificar o sangue, levando a um desequilíbrio no pH e, consequentemente, favorecendo o surgimento de uma série de problemas de saúde". Apesar de termos um eficiente sistema de equilíbrio natural, que trabalha o tempo inteiro para manter as funções vitais em harmonia, as más escolhas de alimentação e estilo de vida trazem uma sobrecarga, conforme explica França. "Se há o esforço constante do corpo para equilibrar o pH, geramos uma sobrecarga, que pode trazer como consequência diversos efeitos negativos para a saúde".
Segundo o nutricionista, algumas das principais causas de acidificação do sangue são o alto consumo de alimentos acidificantes, como carnes, açúcar refinado, café, refrigerantes e alimentos processados; o estresse crônico; a falta de atividade física regular; o tabagismo; o consumo de álcool; algumas doenças crônicas, como diabetes, doenças renais e pulmonares e por fim, alguns medicamentos, como diuréticos para hipertensão.
Consequências e como evitar o problema
"Manter uma alimentação excessivamente acidificante pode levar ao desequilíbrio do pH do sangue, e muitos alimentos comuns em nossa alimentação diária são considerados acidificantes como carnes, açúcar refinado, café e refrigerantes". Entre as consequências, conforme explica França, o excesso de ácido no sangue faz com que o organismo utilize as reservas de cálcio dos ossos para neutralizá-lo, levando a uma perda de cálcio no corpo. "Em uma constante, a perda de cálcio dos ossos pode levar à osteopenia e à osteoporose, principalmente em mulheres. Além de outros problemas de saúde como doenças renais e cardiovasculares".
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Por isso, ressalta França, é fundamental manter uma dieta equilibrada e saudável, limitando o consumo de alimentos acidificantes e priorizando os que vão contribuir com o equilíbrio do pH sanguíneo, como frutas, legumes, verduras e grãos integrais. "Alguns dos alimentos que podem ajudar a manter o pH do corpo em equilíbrio são: verduras folhosas, como espinafre, couve, alface, rúcula, agrião e outras, que são ricas em minerais alcalinos, como cálcio, magnésio e potássio; brócolis, couve-flor, repolho e outros vegetais crucíferos, pois são ricos em nutrientes alcalinos e antioxidantes; frutas como maçã, banana, laranja, melancia e outras, pois também são ricas em nutrientes alcalinos e antioxidantes; grãos integrais como quinoa, arroz integral, aveia, milho, trigo integral e outros, ricos em minerais alcalinos e fibras; leguminosas como a lentilhas, grão-de-bico, feijão e outras, também ricas em minerais alcalinos e fibras, os chás de ervas como camomila, erva-doce e hortelã-pimenta, e por fim, algas marinhas, como nori, wakame, spirulina."
Limão ajuda a alcalinizar o sangue
Parece contraditório, mas como explica Felipe França, o limão é um alimento de sabor ácido, mas pode contribuir para alcalinizar o sangue, equilibrando seu pH quando está acidificado. "Ele possui sabor ácido e pH baixo. No entanto, possui propriedades que podem ajudar a alcalinizar o organismo. O limão contém ácido cítrico, que é um ácido fraco e não causa acidificação do sangue. Quando o ácido cítrico é metabolizado pelo corpo, ele é transformado em bicarbonato, um composto alcalino que pode ajudar a neutralizar o ácido no sangue".
Como exemplo, França pontua estudos que demonstraram que o consumo de limão pode levar a um aumento do pH urinário e sanguíneo, indicando um efeito alcalinizante. "Em um estudo publicado no Journal of Environmental and Public Health em 2012, os pesquisadores observaram que o consumo de água com limão por 7 dias levou a um aumento do pH urinário e sanguíneo em voluntários saudáveis".
O nutricionista ressaltou ainda outro estudo, publicado no Journal of Renal Nutrition em 2009, que examinou o efeito do limão na prevenção de cálculos renais. "Os pesquisadores observaram que o consumo de limão levou a um aumento do pH urinário e uma redução na formação de cálculos renais em pacientes com histórico de cálculos renais."
Em suma, o corpo consegue se equilibrar de forma geral, porém, um estilo de vida e uma alimentação constantemente inadequados vão trazer consequências, inclusive influenciando o pH natural do sangue e resultando em problemas de saúde, conforme explica o nutricionista. "É importante termos atenção ao nosso estilo de vida para evitar problemas mais graves e doenças que poderiam ser prevenidas com uma melhor alimentação e melhores hábitos. A ajuda do nutricionista pode ser decisiva nesse processo de reeducação."
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