A crescente busca por aparência perfeita, incluindo corpo, pele e cabelos, tem levado muitas mulheres, especialmente celebridades, a optarem pelo chamado 'chip da beleza', um implante hormonal à base de gestrinona. Esse dispositivo promete benefícios como aumento da massa muscular, melhora na disposição, libido, pele e cabelos.
No entanto, o produto também apresenta efeitos adversos, como ocorreu com a cantora e compositora Flay, que sofreu com acne e ganho de peso após adotar o método. Vale ressaltar que o chip não é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que em 2021 proibiu a propaganda da gestrinona e produtos relacionados, considerando-os um 'risco à saúde pública'.
A Anvisa afirma que a gestrinona só é permitida em cápsulas gelatinosas duras para tratamento de endometriose, produzidas em farmácias de manipulação. Especialistas consultados pelo Estadão concordam que há um 'raciocínio clínico' por trás das informações sobre os chips da beleza, mas alertam para a falta de evidências científicas sobre a segurança e eficácia da gestrinona em implantes. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) também contraindicam o uso desses chips.
Um dos principais problemas apontados pelos especialistas é a variação das composições dos chips da beleza, dificultando a determinação da dosagem correta e dos possíveis efeitos colaterais. Além disso, a falta de uma bula com informações detalhadas sobre os efeitos colaterais aumenta a insegurança dos pacientes.
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Flay, que implantou o chip em novembro de 2021, afirma que não foi informada sobre os possíveis efeitos colaterais pelo médico que prescreveu o dispositivo e se sentiu enganada. Após seis meses, período em que o chip deixou de fazer efeito, a cantora conseguiu se livrar dos efeitos colaterais, e sua pele, cabelos e corpo voltaram ao normal.
O 'chip da beleza' funciona com a mesma tecnologia dos implantes hormonais anticoncepcionais à base de etonogestrel, conhecidos como Implanon. Seu principal componente é a gestrinona, um hormônio artificial derivado da testosterona e pertencente à classe dos esteroides anabolizantes. Além da gestrinona, a maioria dos chips também contém testosterona, progesterona ou estrógeno, combinações que, em dosagens inadequadas, podem causar efeitos colaterais diversos.
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O procedimento para colocar o chip varia de R$ 3 mil a R$ 8 mil, incluindo a confecção do dispositivo e a aplicação pelo médico. Os médicos alertam que a gestrinona não emagrece, mas pode favorecer o ganho de massa muscular e melhorar a disposição. No entanto, a Anvisa afirma que 'inexistem evidências técnicas e científicas que dariam suporte ao uso da gestrinona implantável' para os fins mencionados.
Diante da experiência negativa, Flay passou a buscar informações sobre procedimentos ou produtos antes de utilizá-los e compartilhou sua história para alertar outras mulheres sobre os riscos associados ao 'chip da beleza'