Vídeos do tratamento de uma condição severa de acne viralizaram no TikTok ao mostrar o passo a passo do processo terapêutico. Uma das publicações, por exemplo, possui cerca de 1,8 milhão de visualizações. Os seguidores acompanham com entusiasmo o progresso, perguntam sobre o procedimento e dão a dimensão de quanto esse processo inflamatório afeta as relações e a autoestima na adolescência e até na vida adulta.
O tratamento que viralizou é de um paciente de 15 anos de idade feito pela dermatologista Sally Le, especialista em acne que atende na cidade de Columbia, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. A médica conversou com a Folha sobre os procedimentos e a reação da internet aos seus vídeos.
Os vídeos do paciente chamam atenção pela grande quantidade de lesões no rosto do adolescente, que chega a apresentar deformações no nariz e inchaço na face. Com bolhas inflamadas sobrepostas nas bochechas, o quadro tem aspecto doloroso.
Conforme o tratamento, que ainda não está completo, avança, as feridas vão sendo reduzidos a uma acne mais amena e cicatrizes, resultado considerado impactante por aqueles que acompanham.
"Inacreditável!", diz um internauta. "Feliz demais por ele", afirma outro. "Seguindo desde o primeiro dia, finalmente", pontua mais um seguidor.
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A médica responsável diz que não costuma prescrever medicações orais para tratar acne e que prefere utilizar produtos de uso tópico associados à reeducação alimentar. Segundo Le, isso dá ferramentas para o paciente controlar o problema após o tratamento estético.
A "jornada da pele" do adolescente é resultado de uma intervenção que, na clínica dela, a Skinlab Estética, dura em média de 9 a 12 semanas e também exige disciplina, pois retira açúcar e carboidratos da dieta.
Os procedimentos incluem hidratação com enzimas, peeling químico e hidratante (chamado "Perfect Derma"), aerolaser e duas rodadas de "acne hydrafacial", técnica no qual a médica é especializada.
O "hydrafacial" consiste em usar água em alta pressão para renovar a superfície dérmica de modo suave. A vantagem do método é não ser abrasivo ou irritante, fazendo com que possa ser realizado em todos os tipos de pele. O procedimento trata a acne, reduz o aparecimento de linhas de expressão e poros abertos e ajuda na redução de hiperpigmentação.
A dermatologista afirma ainda que tem sido interessante acompanhar a reação do público nas redes sociais.
"Todos têm comentado, querem saber como é feito", diz. "Tem sido uma oportunidade para a clínica mostrar o que faz e me dá muito orgulho ajudar as pessoas a melhorar."
DOENÇA É MULTIFATORIAL
Segundo a médica dermatologista Anamaria Facina, professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os principais fatores envolvidos são predisposição genética, alterações hormonais e resposta imunológica exacerbada.
"Algumas dietas podem piorar o quadro clínico. Uma das causas decorre da oclusão dos folículos [poros] que pode ocorrer, por exemplo, pelo uso excessivo de cremes oclusivos", aponta Facina.
A docente diz que a maioria dos quadros começam na adolescência com a formação de comedões, conhecidos como "cravos", e depois desaparecem com o tratamento adequado. Contudo, alguns pacientes podem ter quadros mais intensos que podem ser agravados por procedimentos inadequados ou pela maior predisposição genética.
"Quanto mais inflamatória a acne, maior a chance de deixar marcas. O tratamento precoce e adequado pelo dermatologista pode reduzir as chances de surgimento de cicatrizes", aponta a médica brasileira.
TRATAMENTO
Em casos de acnes severas, como a do jovem da clínica americana, nas quais ocorre formação de nódulos e cicatrizes, a professora recomenda iniciar pelo tratamento do processo inflamatório.
"Após o controle inicial da doença, segue-se a reparação das cicatrizes pelo emprego de peelings, laserterapia, subincisão, plasma, entre outros tratamentos. A escolha adequada de cada método dependerá do tipo de cicatriz. O correto tratamento na fase inicial é de suma importância", afirma.
Mexer nas lesões sem orientação do dermatologista também não é boa ideia. Dependendo da fase da acne, a cicatrização piora, aumentando assim o número de procedimentos necessários para a correção da pele, além de aumentar o desgaste emocional do paciente.
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