Mulher com a mão no pescoço

Mulher com a mão no pescoço

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Em 25 de maio é celebrado o Dia Internacional da Tireoide. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Minas Gerais (Sbem MG) realiza, na última semana do mês, diversas atividades. Depois de live com especialistas falando dos mitos e verdades sobre o tema, realizada nesta terça-feira (23/5), a programação segue com um encontro científico online voltado para especialisats com discussão de casos clínicos de difícil tratamento e a presença do médico Antônio Bianco, da Universidade de Chicago, marcado para essa quinta-feira (25/5), às 19h30.

Na sexta-feira (26/5), endocrinologistas realizam uma campanha no segundo piso do shopping Boulervard, de 12h às 17h, com a distribuição de folhetos informativos e orientações sobre como suspeitar que algo pode indicar uma doença na glândula. Durante todo esse período, o público pode ainda acompanhar dicas interessantes e cuidados com a saúde da tireoide nas redes sociais da Sbem MG.

O que é a tireoide


A tireoide é uma glândula que regula a função de órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins. Produz os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), garantindo assim o equilíbrio do organismo. A glândula possui forma de borboleta (com dois lobos) e se localiza na parte anterior do pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão.

A presidente da Sbem MG, Flávia Maia, explica que o órgão atua diretamente no crescimento e desenvolvimento de crianças e de adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, nos batimentos cardíacos e funcionamento intestinal, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional.

"Quando ela não funciona corretamente, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente, provocando o hipotireoidismo ou, em excesso, o hipertiroidismo. Nos dois casos, o volume da glândula aumenta, o que é conhecido como bócio. Alguns pacientes podem apresentar nódulos ou caroços na tireoide. Em geral são benignos, mas em torno de 5% dos nódulos encontrados na tireoide podem ser malignos. Esses problemas podem ocorrer em qualquer etapa da vida e são simples de se diagnosticar e tratar", aponta Flávia.

Tipos de doenças

Flávia explica que no hipotiroidismo há baixa ou nenhuma produção de hormônios, ocasionando a desaceleração do metabolismo e tudo funciona lentamente. Os principais sintomas são: diminuição da frequência cardíaca, diminuição do apetite, prisão de ventre, reflexos vagarosos, diminuição da libido e sonolência. Já no hipertiroidismo, a tireoide produz mais hormônios do que o organismo precisa. Os principais sintomas são: aumento da frequência cardíaca, taquicardia, sudorese abundante, perda de peso, tremores, insônia, nervosismo e olhos saltados. Ambos têm tratamento e, na maioria das vezes, são usados medicamentos que regulam a produção dos hormônios da tireoide. Em alguns casos é preciso a cirurgia de retirada da glândula.

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A especialista esclarece ainda que há outros tipos de doenças ligadas ao órgão, como o bócio (aumento do tamanho da glândula com a presença ou não de nódulos) e o câncer de tireoide. Nas fases iniciais o câncer, geralmente, passa despercebido por ser um nódulo muito pequeno. Mas, com seu crescimento, se torna palpável e pode ser detectado, devendo ser realizado o exame físico pelo médico. Em geral, o tratamento em estágios iniciais envolve a cirurgia para retirada da glândula e leva à cura na maioria dos casos. Em estágios avançados, podem ocorrer aumento de gânglios linfáticos, tosse persistente, rouquidão e dificuldade para engolir. "Se você estiver com algum desconforto na região do pescoço ou com algum sintoma, procure um endocrinologista. Os exames, hoje em dia, são bem acessíveis e os tratamentos de fácil acesso."

Mitos e verdades sobre os distúrbios da tireoide

Para esclarecer o que é mito e o que é realidade em relação aos distúrbios da tireoide, como hipotireoidismo, nódulos, perda de peso, entre outros, Laura Ward, ex-presidente do Departamento de Tireoide da SBEM (2011/2012), lista esclarecimentos importantes:

Hipotireoidismo engorda

Mito.
Embora o ganho de peso seja uma das manifestações clínicas do hipotireoidismo, existem muitos pacientes portadores da disfunção da tireoide que não apresentam esaa queixa. Quando ocorre, o ganho de peso é pequeno, de cerca de dois quilos, e o tratamento reverte totalmente este efeito do hipotireoidismo.

Hipotireoidismo causa depressão

Verdade.
Metade dos pacientes com hipotireoidismo apresentam sintomas depressivos e até mesmo depressão, e um terço dos pacientes com depressão têm hipotireoidismo. Os hormônios tireoidianos agem nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico que são importantes para o humor, assim como em várias áreas do cérebro, sendo importante para memória, raciocínio, libido, sono-vigília, entre outros. Portanto, pacientes com hipotireoidismo devem ser avaliados quanto à alteração de humor e pacientes com depressão devem ter a função tireoidiana avaliada.

Hipotireoidismo faz perder cabelos

Verdade.
Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem ser causas de queda de cabelo. Estas alterações da tireoide podem ser diagnosticadas através de exames laboratoriais. O tratamento correto das doenças da tireoide pode corrigir a perda capilar.

Hipotireoidismo atrasa o metabolismo

Verdade.
Pessoas com hipotireoidismo sofrem a redução da sua atividade metabólica. Sendo assim, o organismo gasta menos energia, além de reter mais sal e água, provocando o inchaço.

Hipotireoidismo não afeta a qualidade de vida

Mito.
Se não tratado ou tratado de forma inadequada, o hipotireoidismo vai alterar de forma importante a qualidade de vida, pois causa infertilidade, cansaço, sonolência, alterações humor e memória e ganho de peso, o que prejudica o desempenho no trabalho, no lazer e atividade intelectual.

Todo nódulo de tireoide é câncer

Mito.
O principal sinal do câncer de tireoide é um caroço (nódulo) na tireoide, porém, em boa parte dos casos, esse tumor não apresenta qualquer sintoma. É comum o médico descobrir o nódulo durante um exame físico de rotina. O diagnóstico do câncer de tireoide é feito com uma biópsia do nódulo de tireoide ou após sua remoção por cirurgia. Mas a maioria dos nódulos é benigna. Estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida, sendo que a maioria dos nódulos é benigna.

Hipotireoidismo só surge em mulheres

Mito.
O hipotireoidismo atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Porém, certos grupos são mais vulneráveis: mulheres, especialmente acima dos 40 anos, pacientes previamente submetidos a rádio ou iodoterapia, pessoas que já tiveram problemas de tireoide, usuários de lítio ou amiodarona, homens acima dos 65 anos, pessoas com histórico familiar de doença autoimune.

Hipotireoidismo pode interferir na função sexual

Verdade.
A doença não tratada pode cursar com diminuição da libido, impotência e diminuir a fertilidade.

Só idosos desenvolvem hipotireoidismo

Mito
. Apesar de ser mais comum em pessoas acima de 40 anos, o hipotireoidismo pode ocorrer em todas as fases da vida. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos podem ser acometidos pela doença.

Eu posso controlar o hipotireoidismo com alimentação

Mito.
Pacientes com hipotireoidismo podem se beneficiar de uma dieta mais específica para a redução de sintomas comuns à doença como inchaço, fadiga, enfraquecimento de unhas e cabelos, ao mesmo tempo em que ajuda na redução ou manutenção do peso. Porém, nenhum alimento, suplemento alimentar nem qualquer fórmula é capaz de substituir o tratamento clínico da doença.

Alimentação ajuda na redução dos sintomas do hipotireoidismo

Verdade.
Existem alimentos e nutrientes que podem contribuir para uma melhor qualidade de vida para os pacientes de hipotireoidismo e também alguns que devem ser evitados. O consumo excessivo de sal, por exemplo, pode ser nocivo porque o sal de cozinha é iodado por força de lei com o intuito de prevenir o déficit de iodo. O excesso de sal pode prejudicar a tireoide. Uma dieta saudável para pacientes com hipotireoidismo inclui grãos integrais, alimentos naturais, castanhas, abundância de frutas e vegetais e uma boa oferta de proteínas magras. Importante lembrar que, no hipotireoidismo, a boa alimentação deve ser sempre associada ao tratamento clínico.

Todo mundo que tem hipotireoidismo, tem um "papo" no pescoço

Mito.
Existem algumas formas (causas) de hipotireoidismo e nem todas apresentam o bócio (papo). Além disso, em geral, os outros sintomas da doença normalmente levam o paciente a procurar ajuda médica antes que a doença progrida até este ponto.

Mulheres com hipotireoidismo não podem engravidar.

Mito.
Doenças da tireoide não tratadas podem levar a problemas de fertilidade em ambos os sexos. Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem atrapalhar também a manutenção da gestação. Destaca-se, porém, que, caso a mulher já tenha sido diagnosticada com hipotireoidismo e venha controlando a doença, as chances de engravidar e ter uma gestação saudável são equivalentes às de uma mulher que não tenha a doença.

Hipotireoidismo pode causar distúrbios neurológicos em crianças

Verdade.
O hormônio da tireoide é fundamental para o desenvolvimento do cérebro do bebê. As crianças que nascem com hipotireoidismo congênito (sem função tireoidiana ao nascer) podem ter sérias sequelas cognitivas, neurológicas e de desenvolvimento, caso o problema não seja identificado e controlado precocemente.

Hipotireoidismo pode ser detectado pelo Teste do Pezinho

Verdade.
Retira-se uma gota de sangue do pé do bebê no terceiro dia de vida. O exame ajuda a verificar se a tireoide do bebê está funcionando bem, além de atestar a ocorrência de outras doenças. Se o hipotireoidismo congênito for controlado de forma adequada e precocemente, a criança leva uma vida normal.

Tomar hormônio tireoidiano é bom para emagrecer

Mito.
É absolutamente contraindicado e perigoso para a saúde o uso do hormônio tireoidiano sem o diagnóstico de hipotireoidismo. O excesso de hormônios acelera a reabsorção do cálcio do osso, o que leva ao enfraquecimento do esqueleto, além de arritmias cardíacas que eventualmente podem ser até fatais.

Todo nódulo na tireoide precisa ser operado

Mito.
A maior parte dessas alterações é benigna, logo, não precisam ser removidas. Porém, caso o médico suspeite de um câncer, a cirurgia pode ser indicada.

Hipotireoidismo reduz o desempenho físico

Verdade.
Devido à redução do metabolismo, quem sofre com o distúrbio da tireoide 'funciona' mais lentamente. Com isso, tanto as atividades físicas, especialmente em atletas profissionais, quanto o desempenho sexual e intelectual ficam comprometidos. Daí a dificuldade para trocar a caminhada pela corrida, por exemplo, e raciocinar ou tomar decisões mais rapidamente. A boa notícia é que a reposição hormonal reverte todos esses sintomas.

Há riscos do hipotireoidismo na gestação

Verdade.
Para uma gravidez tranquila é essencial que a glândula funcione direito, especialmente nas 12 primeiras semanas, período em que alguns hormônios da futura mãe diminuem e outros passam a ser fabricados, a placenta começa a se formar e o bebê desenvolve seus principais órgãos. O hipotireoidismo não controlado adequadamente pode causar parto prematuro, defeitos neurológicos, QI abaixo do normal, surdez e até aborto.

É importante fazer ultrassom uma vez por ano para ter o diagnóstico de câncer de tireoide

Mito.
O exame é bastante sensível e, por isso, acaba rastreando até mesmo os nódulos que não são malignos. Com isso, pode levar a preocupações desnecessárias. O melhor teste para diagnosticar disfunções tireoidianas é a dosagem de TSH, feita a partir do sangue e que deve ser colhido pela manhã.