Ser mãe é o sonho de muitas mulheres. Por isso, quando o corpo sinaliza a gravidez por meio do aumento de hormônios, é muito comum a comemoração. Mas ainda nesse estágio é preciso ter muito cuidado para a alegria não virar frustração rapidamente, porque a gestação pode ser ectópica. Esta se caracteriza pelo desenvolvimento do feto fora do útero, nas trompas, baço, ovários, cavidade abdominal, fígado etc., e que por isso precisa ser interrompida, sob o risco de causar muitos prejuízos à saúde da mulher.
A médica obstetra, com mais de 20 anos de experiência profissional, Bruna Pitaluga, destaca que a gestação ectópica é um problema recorrente às gestantes: 2% de todas as gestações são desse tipo. "O que faz com que condição represente a taxa de mortalidade mais alta para uma gestante no primeiro trimestre", diz. Para a médica obstetra, estes números mostram que a gestação ectópica não é uma questão de sorte e nem pode ser resumida como uma triste coincidência, como se costuma fazer.
Segundo Pitaluga, assim como 90% dos problemas enfrentados pelas gestantes e obstetras, a gestação ectópica é uma decorrência de fatores que se desalinharam. "No caso, sinalizações fisiológicas que levaram o zigoto a permanecer fora da cavidade uterina, sem a devida movimentação e multiplicação correta e com um sistema imunológico debilitado", comenta.
Mesmo que se diga que mais de 50% dos casos de gestação ectópica não possuem fatores de risco identificáveis, a médica obstetra ressalta que os profissionais antenados às práticas mais atuais de acompanhamento pré-natal sabem que tal afirmação é equivocada. "Além da desobediência da fisiologia, são fatores de risco para o desenvolvimento de gestação ectópica o fato de a gestante usar dispositivo intrauterino, já ter realizado fertilização in vitro e ter recebido o diagnóstico de endometriose e adenomiose", diz.
Se o que faz com que a gestação ectópica se desenvolva é a desordem de sinalizações fisiológicas que representam riscos para que isso ocorresse, o que costuma levar as gestantes ao óbito, de acordo com a médica obstetra, é a conduta tomada a partir de identificação dos fatores de risco da condição patológica. "Por isso é necessário que haja um diagnóstico completo e uma análise aprofundada sobre cada paciente que apresenta essa condição", afirma.
Pitaluga salienta que o profissional que acompanha a gestante precisa estar ciente de que é o principal responsável por dar o diagnóstico de uma gestação ectópica o mais rápido possível. "Uma paciente com níveis de beta HCG acima de 2000 mUl/mL, cujo saco gestacional não tiver sido detectado na ecografia transvaginal deve retornar à clínica onde realizou o exame para que o médico visualize onde se encontra esse saco vaginal (no abdômen, na trompa, no ovário etc.) para dar início ao tratamento", afirma.
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Lembrando que uma gravidez ectópica não pode prosseguir normalmente, pois o óvulo fertilizado não sobrevive fora do útero e o feto em crescimento pode destruir diversas estruturas maternas, aumentando o risco de hemorragias, que podem ser fatais à gestante.
A médica obstetra informa que existem dois tipos de tratamentos recomendados para a gestação ectópica: o medicamentoso e o cirúrgico. Segundo Pitaluga, o tratamento medicamentoso, feito com a droga metotrexato, é indicado a pacientes que foram diagnosticadas cedo e ainda apresentam quantidades menores de gonadotrofina coriônica (HCG) - hormônio produzido pela placenta durante a gestação - em seu organismo. "Por esse exato motivo, não se trata de opção viável para a maioria das pacientes, que chegam à emergência com a gestação mais avançada e níveis de HCG superiores a 5 mil", diz.
Dessa forma, por ser muito comum o diagnóstico tardio e os altos níveis de HCG das mulheres com essa condição patológica, o tratamento que possui uma maior taxa de sucesso é o cirúrgico, que consiste em uma laparoscopia para a retirada da placenta e do feto.
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