O interesse por tratamentos e produtos para a saúde capilar tem crescido, tanto entre homens quanto mulheres, conforme apontam pesquisas no Google e a maior procura em consultórios dermatológicos. Esse aumento se intensificou após o auge da pandemia de COVID-19 e seus efeitos colaterais, como a queda de cabelo persistente. Nesse cenário, o Brasil se destaca como líder no mercado de haircare na América Latina. Entretanto, algumas condições capilares, como a alopecia, não podem ser solucionadas apenas com shampoos e condicionadores.





Diante desses casos, o recomendável é consultar um médico tricologista, que realizará uma avaliação mais abrangente e indicará os melhores procedimentos para cada situação. Contudo, muitos pacientes só procuram um especialista quando a enfermidade já está em estágio avançado, dificultando o tratamento.



Pensando nessa questão, as irmãs dermatologistas Ana Carina Junqueira e Ana Lucia Junqueira, em colaboração com pesquisadoras geneticistas da Universidade Federal de São Carlos, desenvolveram, após um ano de estudos, um teste genético capaz de identificar fatores predisponentes a certas patologias capilares.

De acordo com Ana Lucia, o exame detecta características genéticas denominadas polimorfismos, que influenciam o funcionamento do organismo, sobretudo no que diz respeito à saúde dos cabelos. Ela esclarece que os polimorfismos são variantes de uma sequência de DNA que se manifestam em fenótipos distintos e podem ocorrer entre indivíduos de uma mesma população. No teste, são analisados diversos polimorfismos relacionados a doenças capilares, como o SR5DA1, associado à calvície genética, cujo tratamento é realizado com medicamentos como a Dutasterida.



LEIA MAIS: Síndrome de Rapunzel: médicos retiram mecha de cabelo de estômago de menina

Trata-se do primeiro teste genético criado por dermatologistas no mundo, o qual pode auxiliar no diagnóstico precoce de pacientes e direcionar tratamentos mais assertivos. Entre as enfermidades cujos polimorfismos podem ser identificados estão a alopecia androgenética (calvície) e as alopecias autoimunes.

Ana Carina explica que o exame de DNA é realizado por meio de swab oral, friccionado na parte interna da bochecha, e o material coletado é encaminhado para análise laboratorial. O processo não envolve coleta de sangue ou cortes na pele, utilizando apenas saliva.

LEIA MAIS: Como as células-tronco de melanócitos funcionam para colorir o cabelo

No laboratório, o DNA das células é separado, purificado e processado por PCR (Polymerase Chain Reaction), uma das tecnologias mais modernas de sequenciamento genético. A presença ou ausência dos polimorfismos investigados é determinada simultaneamente ao PCR, por um método chamado Real Time PCR, que identifica os genes por sondas específicas para cada polimorfismo, ao mesmo tempo em que amplifica o DNA.





Segundo as especialistas, também fundadoras do IBEMC - instituição de pesquisa e ensino em tratamentos capilares, o conhecimento do perfil genético do paciente, seja ele predisposto à calvície, a doenças inflamatórias ou com maior ou menor resposta a medicamentos como minoxidil e finasterida, possibilita um tratamento mais personalizado e eficiente. Além disso, permite um diagnóstico precoce e a aplicação de medidas preventivas rápidas, especialmente em relação à queda de cabelo patológica.

LEIA MAIS: Anvisa libera venda de 930 pomadas para modelar cabelos; veja a lista

compartilhe