Dor na relação sexual é uma queixa comum no consultório de ginecologia e existem diversos fatores que podem estar relacionados à dor na hora da penetração. É importante lembrar que dor na relação não é normal e se torna necessário descobrir a causa para um tratamento adequado e colocar fim ao problema. Por isso, o melhor caminho é buscar ajuda médica.
Juliana De Biagi, médica especialista em ginecologia e obstetrícia e docente da disciplina de Saúde da Família e Comunidade II na Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), explica que dispareunia é o nome clínico dado a dor na relação sexual – a intensidade e a forma como sente a dor pode variar em cada pessoa: "Ela pode ocorreu no início da penetração, durante o sexo ou até mesmo depois, mas não necessariamente irá aparecer em todas as relações. Se não for tratada, pode piorar a qualidade de vida da mulher, afetando os relacionamentos, autoestima e a saúde mental".
Conforme Juliana De Biagi, a dispareunia pode ocorrer por vários fatores físicos ou psicológicos, como infecções sexualmente transmissíveis, alterações hormonais, endometriose, falta de lubrificação ou ainda de causa emocional, como ansiedade, depressão, estresse, medo, história de abuso sexual: "A dor durante ou após o sexo acaba diminuindo a libido, podendo levar até mesmo uma aversão ao sexo".
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Entenda as causas de um diagnóstico nada fácil
Juliana De Biagi destaca que as causas da dor podem ser superficiais, na entrada da vagina, por falta de lubrificação vaginal suficiente (amamentação, puerpério, menopausa, até o uso de certos medicamentos, como anticoncepcionais), machucados e fissuras na pele, vaginismo e alterações anatômicas: "A dispareunia profunda acomete o fundo da vagina, por endometriose, doença inflamatória pélvica, prolapsos, cisto ovarianos e causas não ginecológicas como infecção urinária, constipação crônica, síndrome do intestino irritável".
A médica enfatiza que nem sempre o diagnóstico é fácil, por isso, "se você sofre com dor durante ao sexo, é importante procurar um profissional da saúde para identificar o problema e fazer o tratamento corretamente".
Vaginismo, o que é?
Juliana De Biagi lembra que uma das doenças que podem causar dispareunia é o vaginismo, uma disfunção sexual que acomete 7% das mulheres: "Essa porcentagem possivelmente é muito maior, pois se trata de uma condição que muitas mulheres não procuram ajuda. O vaginismo é caracterizado por contrações involuntárias dos músculos do assoalho pélvico da mulher, não permitindo a penetração vaginal durante o contato íntimo ou a inserção de outros objetos, como absorvente interno ou espéculo vaginal, que é utilizado pelo ginecologista durante exames de rotina".
A médica afirma que o tratamento do vaginismo é direcionado para a causa da disfunção e tem como principal objetivo acabar com a contração involuntária que caracteriza a doença: "O tratamento pode incluir sessões de fisioterapia, psicoterapia e terapia sexual. A fisioterapia trata a parte física do vaginismo por meio de técnicas de conhecimento do próprio corpo e aprendizado em relaxar a musculatura do assoalho pélvico, aumentando a sua percepção da pelve, o que impede o espasmo involuntário no momento da relação ou outra penetração local, como absorvente interno ou exame médico".
Juliana De Biagi diz que a dor na relação sexual pode ser um sintoma de uma condição médica subjacente "e pode afetar a vida sexual, a intimidade emocional e a autoimagem. Se você está sentindo dor na relação sexual de forma constante, marque uma consulta médica".
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