A influenciadora Jackie Miller James passou por uma cirurgia no cérebro e uma cesariana simultaneamente após sofrer uma ruptura de aneurisma cerebral uma semana antes da data prevista para o parto. Desde então, Jackie segue na unidade de terapia intensiva (UTI) em coma induzido há 12 dias, período no qual ela passou por mais cinco cirurgias.





A família de Jackie criou uma página de arrecadação de fundos, no GoFundMe, onde compartilhou uma foto de Jackie, em coma, com a filha recém-nascida no peito. O bebê não corre perigo.

"Se Jackie e o bebê tivessem chegado alguns minutos mais tarde ao hospital, provavelmente teríamos perdido ambos. No entanto, Jackie continua lutando por sua vida todos os dias e estamos otimistas de que ela possa superar as adversidades com o apoio de especialistas e terapias adequadas", escreveu uma das irmãs da influencer, que administra a conta no GoFundMe.


James tem aproximadamente 70 mil seguidores no Instagram. As publicações dela são voltada para conteúdo de beleza e relacionamento. Diante do grave quadro de saúde, a conta dela foi inundada de comentários desejando uma uma rápida recuperação. "A imensa manifestação de amor, apoio e generosidade da família, amigos, seguidores e estranhos tem sido extremamente tocante e significativa para nossa família", agradeceu seus familiares na página da influencer.






Sobre aneurisma 

Segundo o neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, o aneurisma cerebral é uma condição em que ocorre uma dilatação anormal das paredes das artérias responsáveis por levar o sangue até ao cérebro.  Essa dilatação tem uma parede frágil, com isso existe um grande risco de rompimento, causando um extravasamento de sangue dentro do sistema nervoso.
 

Felipe Mendes, neurocirurgião: 'Existem várias causas envolvidas na formação de aneurismas. A influência genética familiar é um dos principais fatores associados

(foto: Ana Slika/Divulgação )
 

"Existem várias causas envolvidas na formação de aneurismas. A influência genética familiar é um dos principais fatores associados. Além disso, algumas outras condições adquiridas como pressão alta descontrolada e o hábito de fumar também aumentam o risco. Existem algumas doenças genéticas como a Doença dos Rins Policísticos cujos portadores possuem maior chance de desenvolver aneurismas."
 
Leia mais: Pesquisadores desenvolvem tratamento inovador para o câncer de mama 

O neurocirurgião explica que, na maioria dos casos eles são silenciosos e assintomáticos. Podem ser descobertos de forma acidental durante realização de exames de imagem solicitados por outros motivos. 





"Ao se romper, os sintomas surgem e geralmente de forma súbita. A pessoa sente uma forte dor de cabeça, geralmente descrita como a pior da sua vida, acompanhada de outros sinais e sintomas como náuseas, vômitos, sensação de pescoço travado, sonolência, perda de consciência evoluindo para coma e crises convulsivas."

Alguns aneurismas podem se tornar tão grandes que começam a causar sintomas pelo efeito de massa comprimindo estruturas do cérebro mesmo sem apresentar ruptura.

O tratamento mais adequado varia, segundo Felipe, de acordo com a localização, as dimensões e a forma como a doença se manifestou. Essa decisão é feita em comum acordo entre o neurocirurgião especialista, o paciente e os familiares. 

Atualmente, existem as opções de tratamento cirúrgico por clipagem do aneurisma - colocação de clipes para ocluir essa dilatação - ou o tratamento endovascular, em que é realizado o preenchimento dessa dilatação por molas ou stents. "É importante um monitoramento regular por meio de exames de ressonância magnética ou angiografia cerebral naqueles grupos de risco, além de controlar a pressão arterial elevada e evitar o tabagismo."

Em casos selecionados, existe a possibilidade de realizar a cirurgia de clipagem de aneurisma com o paciente acordado durante o tempo principal do procedimento. Felipe Mendes, responsável pela primeira cirurgia feita dessa forma em Minas, conta que, além de segura, a técnica mostra, em tempo real, se a manipulação que o especialista está realizando dentro do cérebro não está causando nenhum risco de sequelas, principalmente na linguagem ou na parte motora do indivíduo.
 
* Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori.
 
 

compartilhe