O Ozempic deve continuar em falta até o final de 2023, com "disponibilidade intermitente", segundo a farmacêutica fabricante, Novo Nordisk. O desabastecimento ocorre devido à alta demanda.
"Como fornecedora responsável e sempre preocupada com a saúde e segurança de seus pacientes, a Novo Nordisk comunica que todas as apresentações de Ozempic (0,25mg, 0,5mg e 1mg) no Brasil enfrentarão disponibilidade intermitente durante 2023 devido à demanda maior que a prevista", afirmou a empresa em nota à reportagem.
Glaucia Carneiro, endocrinologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), observa em consultório a dificuldade de pacientes em achar o medicamento de 1mg desde o início do ano. A médica tem recomendado que os usuários procurem alternativas para o tratamento, como o ajuste de dose ou o uso de outras drogas para diabetes.
"É importante que use o medicamento quem realmente precisa. Há muita gente utilizando sem indicação médica. Se houvesse a necessidade de receita no ato da compra, teríamos mais controle sobre quem acessa o medicamento e talvez não estivéssemos passando por isso", afirma.
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O risco de problemas no fornecimento de Ozempic é observado desde fevereiro, quando a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Santária) foi notificada. A expectativa era a de que o abastecimento fosse normalizado neste segundo trimestre.
Na época, a Folha de S.Paulo questionou a Novo Nordisk se a falta do medicamento teria relação com a utilização para emagrecimento. A farmacêutica respondeu que "não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente".
Meses depois, a fabricante notificou usuários cadastrados em seu programa de apoio sobre a falta do medicamento na versão de 1 mg. Na ocasião, a empresa também afirmou que a escassez ocorria em razão da alta procura. "Lamentamos informar que Ozempic 1mg pode estar em falta nas farmácias", afirmava a mensagem de texto.
Enquanto até abril o problema afetava apenas a versão de 1 mg, a Novo Nordisk afirma agora que a falta ocorre também com as doses de 0,25 mg e 0,5 mg.
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O medicamento se tornou popular após depoimentos indicarem perda de peso significativa em pouco tempo. As falas foram feitas principalmente por famosos e inundaram as redes sociais. O remédio é aprovado pela Anvisa para o tratamento de diabetes tipo 2, mas é utilizado de forma off-label, isto é, para fins diferentes daqueles indicados na bula, para emagrecimento.
A farmacêutica orienta que os pacientes utilizem o medicamento apenas para o tratamento da doença provocada pela falta ou má absorção da insulina pelo corpo.
Para aqueles que possam ter o tratamento contra diabetes prejudicado pela escassez do produto nas farmácias, a fabricante recomenda a adoção de medidas alternativas como o uso de medicamentos da mesma classe -eles são chamados de análogos de GLP-1. Nesse caso, é importante conversar com o médico a fim de obter orientações adequadas.
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