Tirar uma soneca diária pode fazer maravilhas para a saúde do nosso cérebro, sugere uma recente pesquisa da Universidade College London, no Reino Unido. Segundo o estudo, aqueles que têm o hábito de cochilar possuem cérebros 15 centímetros cúbicos maiores, ou seja, o equivalente a um envelhecimento cerebral retardado de três a seis anos. No entanto, os pesquisadores aconselham que o período de cochilo não ultrapasse 30 minutos diários.





Embora o ato de dormir durante o dia possa ser desafiador para muitas carreiras devido à cultura laboral atual, a psicóloga Victoria Garfield, membro da equipe de pesquisa, insiste que 'todos podemos nos beneficiar de uma soneca'. Ela descreve as conclusões do estudo como 'inovadoras e estimulantes'.



Cochilar é crucial durante a infância, mas torna-se menos frequente à medida que envelhecemos, ganhando novamente popularidade após a aposentadoria. Aproximadamente um quarto das pessoas com mais de 65 anos relatam tirar sonecas durante o dia. Garfield sugere que começar a dormir por alguns minutos durante o dia é uma prática 'muito fácil' de adotar, em comparação com outras medidas de saúde, como perder peso e exercitar-se, que são 'difíceis para muitas pessoas'.

O cérebro diminui naturalmente com a idade. Agora, os pesquisadores estão interessados em entender se os cochilos podem ajudar a prevenir doenças como Alzheimer. Ainda são necessárias mais pesquisas para abordar essa questão. A saúde cerebral geral é crucial para nos proteger contra a demência, uma condição caracterizada por falhas de memória e raciocínio, e que está associada ao sono perturbado. Acredita-se que a má qualidade do sono noturno possa danificar o cérebro ao longo do tempo, causando inflamação e afetando as conexões entre as células nervosas.



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Ao estudar os cochilos, os pesquisadores enfrentam um desafio: embora as sonecas possam melhorar a saúde, o contrário também pode ser verdade. Ou seja, a falta de cuidados com a saúde pode fazer com que uma pessoa fique tão cansada que precise descansar por mais tempo. Por isso, a equipe recorreu a uma técnica diferente para comprovar os benefícios do cochilo. Eles utilizaram um grande experimento natural baseado no DNA, o código genético com o qual nascemos. Estudos anteriores identificaram 97 segmentos do genoma que nos tornam mais propensos a dormir ou a passar o dia acordados.

A equipe analisou dados de 35 mil pessoas entre 40 e 69 anos, que participaram do projeto UK Biobank, e comparou a genética dos 'cochiladores' e dos 'acordados'. Os resultados, publicados na revista Sleep Health, mostraram uma diferença de 15 centímetros cúbicos no tamanho do cérebro entre os grupos, equivalente a uma variação de 2,6 a 6,5 anos de envelhecimento. A média do volume total de massa cinzenta foi de cerca de 1,4 mil centímetros cúbicos no estudo.

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Tara Spires-Jones, professora da Universidade de Edimburgo e presidente da Associação Britânica de Neurociências, disse que o estudo apresenta descobertas 'interessantes', ao demonstrar um 'pequeno, mas significativo, aumento no volume do cérebro' e 'adiciona dados que indicam a importância do sono para a saúde do cérebro'. Os pesquisadores reforçam que o estudo não avaliou a possibilidade de um sono completo durante o dia, mas focou em sessões mais curtas, de 30 minutos.

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